Jorge Adelar Finatto
photo: jfinatto, 11-4-2015 |
Caminhando pelo quintal, na tarde azul e suave do sábado de outono, eis que descobri, perto de um muro de pedra silencioso e abandonado, essa estranha flor. Nunca tinha visto nada parecido. Fiquei observando sua beleza. Terá caído de uma estrela?
O mínimo que se pode dizer é que é diferente nos traços, criativa nas cores e na forma. Era para ser apenas uma singela caminhada no quintal. De repente, encontrei essa força da natureza. Quanto tempo ficará por aqui? - perguntou meu coração despetalado.
Então fui depressa ao escritório para apanhar a Coruja a fim de fotografar a insólita imagem. Isso foi lá pelas cinco e meia da tarde, quando o sol arrefece e os poetas românticos estalam os dedos álgidos e ansiosos, antes de ferir os primeiros versos enlouquecidos na página em branco.
Dizer que Deus estava inspirado quando a criou é pouco. Ele teve um sonho feliz.
Dizer que Deus estava inspirado quando a criou é pouco. Ele teve um sonho feliz.
Não sei o nome da bela flor que do nada brotou. Desconheço sua origem, sua família, seus caprichos, seu destino. Mas gostava que ela não saísse nunca mais do meu quintal, ficasse para sempre perto do muro de pedra em ruína, iluminando a sombra do ocaso e a minha vida.
Anunciará um mundo novo?
ResponderExcluirAcho que pode ser isso, António. Bom domingo.
ExcluirUma vida tão rica em caprichosos detalhes, não se pode dizer que do nada brotou. Certamente o muro, em ruínas, conhece o trabalho, ou intenso sofrimento, que a produziu.
ResponderExcluirAmigos. A flor desapareceu no domingo. Fui até o muro ocre, longe da casa, o qual se abre para o Vale do Olhar, e não encontrei mais a flor, só uma saudade. Ela se fechou sobre si mesma no ramo. Retornei no fim da tarde na esperança de vê-la rediviva. Mas nada. Ausentou-se. Se alguém encontrá-la, por favor me avise.
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