domingo, 26 de abril de 2015

Momento

Jorge Adelar Finatto
 
photo: jfinatto


A passagem vertiginosa do tempo está aí para provar que certas coisas não valem a pena diante da precariedade de tudo, a começar pela condição humana. Não fosse por outra razão, só isso já seria motivo para uma vida mais em harmonia consigo, com o outro, com a natureza. 
 
Sentimentos como ódio, rancor, inveja, raiva, indiferença, só atrasam nossa transitória viagem. O culto da vaidade e da posse de coisas materiais não é boa companhia. O egocentrismo apaga o outro, retira o ar do ambiente, ofende, instaura a dor.
 
Eu não aspiro da flor mais que o perfume numa praça de cidade do interior.
 
Todas as horas de todos os dias são santas. Todas as manhãs, tardes e noites, mesmo as mais escuras, são santas. Todas as madrugadas em claro, diante da janela, esperando a estrela cadente passar.
 
Não quero da branca nuvem mais que o doce algodão.

Vou saboreá-la em sentimento, aqui mesmo no chão, tão provisória e frágil contra o fundo azul.

É tempo de viver outra vez. Reconstruir um país.
 
O sol de abril ilumina os pássaros e seu livre canto no galho da árvore já sem folhas.
 
Os suicidas desistiram do gesto fatal, foram caminhar entre os pinheiros.
 

3 comentários:

  1. Que coisa bonita de ler, Jorge. Obrigada. Ontem eu li uma frase, importante também. Uma jovem mãe, em seu depoimento disse: Não precisamos de acusações, só precisamos da graça de Deus.

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    1. A tua maneira de ver as coisas me lembra a poeta mineira, de Divinópolis, Adélia Prado. Conheces? Vale a pena. "Bagagem" e "O coração disparado" são belos livros. Abraço.

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    2. Já havia lido dela, só uma poesia. Vou prestar mais atenção. Mas me sinto honrada com a comparação. Obrigada!

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