Jorge Adelar Finatto
flores de magnólia. photo: jfinatto |
Se tivesse estudado música, seria talvez um violonista razoável, desses que dão concertos caseiros em sonolentas tardes de domingo, quando todos cochilam depois do almoço. Apresentaria peças de Villa-Lobos, Jobim e Gnattali e isso acalentaria seu coração. Não precisava mais pra ser feliz.
Mas quando ganhou o primeiro e único violão, percebeu logo que entre ele e as cordas não havia nenhuma intimidade. O simples dedilhar, contudo, produzia sons encantatórios aos seus ouvidos, mas aquilo não era música.
Não podia ser violonista. Porém a música nunca o abandonou. Era uma das melhores coisas que havia em sua vida.
Aos dez anos decidiu que começaria a escrever. Passou a dedilhar o lápis sobre as linhas do caderno escolar. Era uma forma diversa de música, silenciosa, melancólica e solitária. Um concerto íntimo. Coisas que falavam de perto ao coração. Escreveu muito durante anos, publicou pouco em livro.
O blog virou uma sala de convivência, com exposição de fotografias, trabalho de escrita, divulgação de outros autores, conversas sobre gente, música, pintura, lugares.
Uma memorabília do tempo.
As folhas da magnólia dedilham, no outono, a harpa do vento.
Uma memorabília do tempo.
As folhas da magnólia dedilham, no outono, a harpa do vento.
Eu aprendi a usar alguns acordes e a tecer certas harmonias no corpo amigo do violão. No entanto a vida e suas vicissitudes me fizeram lutar pela sobrevivência. Sobrou a escrita quase diária e o bom gosto musical. Talvez tenha feito a escolha certa, me sinto melhor poeta do que profissional da música. No entanto, me vejo harmonizando versos e tirando música das palavras. O músico esquecido ressurge no poeta. E isso me apraz. Abraço do Ricardo Mainieri
ResponderExcluirO poema é a música silente que vem do fundo do ser, nos leva para bem longe. A música que não se ouve mas enche a vida. Um abraço, Ricardo.
Excluir