Jorge Finatto
Festa das folhas. Outono. photo: jfinatto |
Ah, saudade que eu sinto daquele tempo em que éramos eternos...
Adão e Eva tiveram tudo à mão. Dos mais doces frutos aos mais delicados perfumes.
De lambuja, Deus lhes ofereceu a vida eterna.
Adão e Eva tiveram tudo à mão. Dos mais doces frutos aos mais delicados perfumes.
De lambuja, Deus lhes ofereceu a vida eterna.
Mas nossos vetustos avós, por razões difíceis de entender, decidiram chutar - e chutaram mesmo - o pau da barraca, comendo do fruto interdito da árvore do conhecimento. Contrariando o Criador, foram expulsos do Paraíso e tornaram-se mortais, transmitindo-nos, desde então, a finitude.
O Paraíso situava-se nas cercanias da rica região do Tigre e do Eufrates, devastada, nos últimos tempos, por guerras, atentados terroristas e saques ao antiquíssimo acervo de objetos históricos.
Com sua desobediência, o famoso casal nos deixou a morte de herança.
Com Cristo veio a esperança da reconquista da eternidade perdida.
Eu não entendo. Por que não podiam comer do fruto do conhecimento? Por que a pena eterna da perda da vida?
O Paraíso situava-se nas cercanias da rica região do Tigre e do Eufrates, devastada, nos últimos tempos, por guerras, atentados terroristas e saques ao antiquíssimo acervo de objetos históricos.
Com sua desobediência, o famoso casal nos deixou a morte de herança.
Com Cristo veio a esperança da reconquista da eternidade perdida.
Eu não entendo. Por que não podiam comer do fruto do conhecimento? Por que a pena eterna da perda da vida?
Isso tem a ver com o grave conflito que se trava nas altas esferas entre o Todo Poderoso e o Coisa Ruim. Os estilhaços sobram para o povo da Terra, nós. Que não somos grande coisa, vá lá. Mas talvez pudéssemos receber alguns benefícios durante o cumprimento da pena. Como, por exemplo, neste momento, ver a pandemia ir embora do planeta. Tanto sofrimento, tantas lágrimas, tantas mortes.
Quem sou eu para questionar os desígnios do Alto. Mas que a coisa está duríssima e tristíssima aqui embaixo não resta dúvida. Desde a tremenda insignificância dessa página, eu ouso pedir vênia ao Criador, solicitando um armistício que nos dê, nessa hora difícil, o benefício da dúvida, tornando, se possível, menos dolorosa nossa passagem pela existência.
Jorge, de qualquer forma vamos nos libertar dessa peste! Lembras do Paraíso Perdido de Milton? Aos infernais abismos não é dado deter na escravidão entes celestes, nem muito tempo em trevas obumbrá-los. (Canto I).
ResponderExcluirBeleza de lembrança, Atapoã. Rico comentário.
ExcluirObrigado, Jorge, esse excerto está na página 61 do livro A Teia de Maya. Abraço.
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