Jorge Adelar Finatto
photo: jfinatto |
Em meio a tanta desilusão, tanta feiura das almas, tanta gente má e casca grossa, vêm agora as hortênsias e decidem distribuir beleza e graça.
Um negócio muito estranho.
Um negócio muito estranho.
Um verdadeiro absurdo nas ruas de Passo dos Ausentes.
Quando achava que não tinha mais jeito, quando nada mais esperava diante do triste espetáculo humano, as hortênsias surgem em silêncio, espargindo cor e delicadeza sobre cinzas.
O que mais nos espera? - eu pergunto - e já ninguém responde.
Tanta beleza é mesmo uma violência contra a desolação.
O que será feito da nossa histórica descrença no Brasil, no futuro e em nós mesmos?
E o que restará do nosso olhar melancólico sobre o sentido da existência? É o fim dos tempos.
Devia ser aberto, imediatamente, um inquérito contra as hortênsias por tamanho escândalo e desacato, verdadeiro atentado violento ao pudor. Onde já se viu!
Mas ninguém faz nada, este é realmente o tempo da impunidade.
Nem maldizer a vida em paz a gente pode agora. A ancestral tristeza é brutalmente sacudida e sufocada. Ai de nós!
Nem maldizer a vida em paz a gente pode agora. A ancestral tristeza é brutalmente sacudida e sufocada. Ai de nós!
É o fim da picada.
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Texto revisto, publicado originalmente em 12/12/11.
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