quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Poética

Jorge Finatto

 Colonia del Sacramento, Uruguai. foto: jfinatto

 
NINGUÉM LÊ meus poemas
sequer a família
com meus versos se amola

os outros têm afazeres diversos
toda hora

recebo o poema
como um ser
que apareceu
na minha porta
nesse dia

eu escrevo para uma sala vazia

________ 

Do livro O Fazedor de Auroras, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.
 

2 comentários:

  1. O sentimento do poeta de que carrega uma beleza, um regalo que aos outros não interessa. Infelizmente, muitas vezes, não interessa, mesmo. Não temos uma educação voltada para a sensibilidade e a mídia e os governos são culpados. Hoje, o músico James Liberato se lamentava do final de um projeto de musicalização em Farroupilha em que ele e outros músicos, por um ano e meio, levaram a alunos de uma escola pública. Mudou o governo, mudaram as prioridades. mas, o que devemos fazer é, sempre, prosseguir. É de nossa sina, esperar a iluminação das pessoas. Quem sabe um dia/portaberta para a utopia. Abraço do Ricardo Mainieri

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    1. Levar a poesia para as salas de aula, trabalhar a língua com esse material tão precioso, de preferência em espaços abertos como praças e jardins, num clima de liberdade e alegria, seria muito bom. Lamento pelo fim do projeto que referes. Mas é não desistir. Um abraço, amigo.

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