Jorge Finatto
photo: j.finatto |
O VENTO não traz
notícias de longe
todos foram dormir
depois do vinho
só nós permanecemos
incomunicáveis
debaixo das estrelas e do frio
um que outro fantasma passa
fugitivo na calçada
não perguntamos pela vida
passada ou futura
habitamos cada momento
com olhos de prisioneiros violentados
escutamos o silêncio que vem do rio
a fome imensa de liberdade
que nos anima e nos faz fortes
na tempestade que nos enlaça
nos joga contra a parede
nosso rosto parece ao de toda gente
mas trazemos segredos inviolados
noites de lobos feridos
olhamos a cidade morta
nenhum anjo nos acalanta
estamos vivos
e nunca doeu tanto
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Do livro Claridade, coedição Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Editora Movimento, 1983.
Este é um poema geracional. Pertence a todos aqueles jovens sensíveis e utópicos que não viam saída num Brasil autoritário. Paradoxalmente, mais de 40 anos depois, a situação está bem parecida. Tristeza.
ResponderExcluirA diferença que eu sinto é que, hoje, não há esperança. Ou será que alguém acredita na politica estabelecida? Existem bons políticos, mas eles são minoria. Não podemos desistir da democracia que os maus políticos e maus partidos demonizaram. Precisamos fazer um grande esforço para escolher pessoas melhores nas próximas eleições. E rezar, porque sem Deus, com a humanidade que está aí, vamos pro buraco.
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