COSTUMO PÔR PÉTALAS entre páginas de livros e cadernos de anotações. Acho bonito abrir tempos depois e lá encontrá-las com suas cores e nervuras à flor da pele. Elas parecem carregar a memória de um tempo, de um jardim, de uma casa, de uma sensibilidade.
Em álbuns de fotografia também fica delicado. Era comum naqueles álbuns de recordações das moças de antigamente. Recolho as pétalas caídas das roseiras aqui de casa. E folhas do outono também.
Os livros, fisicamente, pertencem ao mundo vegetal na origem. Com o conteúdo das palavras transformam-se em objetos espirituais.
O mundo está cheio de mistérios. Será que ainda se usam folhas e pétalas entre páginas? Será que alguém ainda cultiva roseiras no quintal? Será que livros têm lugar nas casas? Será que ainda existem moças sonhadoras e álbuns de recordações?
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*Cartas do poeta sobre a vida. Rainer Maria Rilke. Organização de Ulrich Baer. Tradução de Milton Camargo Mota. Livraria Martins Fontes Editora Ltda. São Paulo, 2007.
O epitáfio de Rilke:
https://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/search?q=O+epit%C3%A1fio+de+Rilke
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