Jorge Finatto
photo: jfinatto |
SÃO CINCO HORAS da manhã. Está chovendo. Escuto os pingos batendo no telhado. Estive até agora fazendo coisas, bicho da madrugada, lavei a louça da noite, depois li, fiz café, li, ouvi rádio, li, caminhei no escritório, li. Chove.
Sábado, 24 de novembro, 2018. Passo dos Ausentes. Vagamente iluminada pelos lampiões de luz nas esquinas mergulhados na neblina. O sabiá canta no quintal. Não sei como se defende da chuva, se é que o faz. É o meu sabiá.
De dia encontro-o no pátio andando com passo miúdo. É um sabiá comum e discreto. Escolheu viver no meu quintal que tem xaxins, roseiras, orquídeas, pinheiros, jasmins, flores de mel e mais.
Acho que ele fez ninho numa árvore perto da velha carroça no jardim. Ou talvez no desvão do sótão. É um inquilino querido. Inquilino, não. Habitante da casa e do quintal como eu.
Provisórios, circunstanciais. Mas cantamos.
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