Jorge Finatto
photo: jfinatto. Lisboa |
VAI SER difícil voltar a Porto Alegre e não te ver mais. Encontrarei um apartamento fechado, uma janela onde o sol já não entra. Não estarás à minha espera nem à espera de ninguém. Os dias de esperar terminaram. As tuas horas, borboletas numa tarde poente, sumiram, sumiram.
Primavera está chegando mas não pra ti, Nena. Eras o centro de uma mesa com muitos lugares. Porta e janela se fecham com a tua casa vazia. Terei de inventar outra morada, outra mesa, e pôr novas flores na minha janela triste.
A tua ausência permanece de braços abertos na porta.
A tua ausência permanece de braços abertos na porta.
Vou pintar um sol amarelo sobre a folha branca. Tecer a aurora para expulsar a escuridão da tua falta.
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