segunda-feira, 29 de abril de 2019

Pontos de luz

Jorge Finatto

Entardecer em Montreux, Suíça. photo: jfinatto
 

A POESIA existe principalmente fora dos livros de versos. Conseguir reter um pouco desse mistério em forma de poema é tarefa para poucos.
 
Pra quem escreve, o olhar do outro é fundamental. Só o outro pode reconhecer sentido no texto. Sem ele, não tem razão de ser. É como deixar um livro aberto sobre a mesa do quintal, exposto aos ventos, à chuva, ao sol. Os olhos do pássaro, da borboleta e da formiga jamais poderão desvelar o que está escrito. 
 
A descoberta da arte nos torna mais humanos. Os museus, salas de concerto e bibliotecas guardam fragmentos do belo. Mas a maior parte da beleza está em outros lugares, à espera de ser desvendada pela sensibilidade de cada um.

O belo é para sentir e para pensar. O belo pode ser muitas coisas. Às vezes tudo misturado. Só não pode ser a favor da morte e da desintegração do ser humano. Obras de arte são pontos de luz soltos na escuridão cósmica.
 

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