Jorge Finatto
"A força de Ciara fez pelo menos três voos comerciais entre Nova York e Londres, com vento de cauda, concluírem a viagem em menos de cinco horas. Um recorde para aeronaves normais desde que o lendário Concorde francês fez o mesmo trajeto em cerca de três horas." (Rádio França Internacional, 10.02.2020)*
A TEMPESTADE CIARA nos apanhou de frente naquela segunda-feira, 10.02.2020. Na gare de Saint Gallen, Suíça, fomos informados de que o trem que nos levaria a Füssen, última cidade da Rota Romântica, ao sul da Alemanha, estava fora de serviço. Deveríamos pegar o próximo, duas horas mais tarde, mas não havia certeza de que chegaria à estação.
Izabel e eu estranhamos. Em se tratando do serviço federal de trens suíços, que prima pelo cumprimento de horário, era algo incomum. Motivo: a chegada da Tempestade Ciara com ventos de até 200 km/h afetava o noroeste europeu com inundações, falta de energia elétrica e outros estragos, atingindo aeroportos, estradas e ferrovias, além de causar feridos e mortos.
Notícias na tv da estação diziam tratar-se da maior tempestade do século em termos de países atingidos. Embarcamos no próximo trem e, algumas baldeações depois, acabamos descendo na estação de Lindau, a bela cidade-ilha dentro do grande Lago Constança (alimentado pelo Rio Reno, situa-se entre Suíça, Áustria e Alemanha). Terminou ali nossa viagem a bordo do trem, a tempestade não permitia continuar.
Duas horas depois, ao fim da tarde, apareceu um ônibus para levar os passageiros adiante. Mas o adiante não era Füssen. Numa outra cidadezinha, nos trocaram de ônibus e fomos em frente até outra localidade. Lá nos largaram numa estação de trem. A maioria das linhas fora de serviço.
Havia, porém, um trem que partiria às 21h em direção ao sul da Bavária. Embarcamos. Éramos só nós a bordo. O maquinista teve a gentileza de nos avisar que, em razão do mau tempo, só poderia ir até uma tal cidade. Lá poderíamos pegar um ônibus para Füssen.
Já era noite escura quando descemos do comboio com as duas malas em direção à estação rodoviária, localizada a uns 100 metros da ferrovia,. Estava fechada. Fazia frio, ventava e chovia. Exaustos, molhados, pensamos em desistir e procurar um hotel naquele lugar cujo nome não me lembro. Mas Deus é pai.
De repente aparecerem três mulheres e um homem. Protegeram-se da chuva sob a cobertura da plataforma, como nós. Vendo nosso estado pluvioso e a nossa cara de desamparo, se dispuseram a ajudar. Solícitos e solidários, telefonaram para o hotel em Füssen para ver se havia transporte para nos resgatar (estávamos a 80 km de distância). Não havia.
Por fim, informaram-se por telefone com um taxista sobre o valor que cobraria para nos levar ao destino. 100 euros. Aceitamos. Dali a dez minutos chegou o táxi e, enfim, à uma da madrugada entramos no hotel.
Desde que começou a função, Izabel e eu decidimos que nenhum perrengue abateria nosso ânimo. Assim foi durante aquelas 14 horas. A ajuda daqueles alemães fortaleceu a nossa fé (um tanto enfraquecida) no ser humano. Não ficaram indiferentes, não se omitiram ao ver aqueles pobres pintos molhados na noite de tempestade, estrangeiros numa plataforma vazia.
Duas horas depois, ao fim da tarde, apareceu um ônibus para levar os passageiros adiante. Mas o adiante não era Füssen. Numa outra cidadezinha, nos trocaram de ônibus e fomos em frente até outra localidade. Lá nos largaram numa estação de trem. A maioria das linhas fora de serviço.
Havia, porém, um trem que partiria às 21h em direção ao sul da Bavária. Embarcamos. Éramos só nós a bordo. O maquinista teve a gentileza de nos avisar que, em razão do mau tempo, só poderia ir até uma tal cidade. Lá poderíamos pegar um ônibus para Füssen.
Já era noite escura quando descemos do comboio com as duas malas em direção à estação rodoviária, localizada a uns 100 metros da ferrovia,. Estava fechada. Fazia frio, ventava e chovia. Exaustos, molhados, pensamos em desistir e procurar um hotel naquele lugar cujo nome não me lembro. Mas Deus é pai.
De repente aparecerem três mulheres e um homem. Protegeram-se da chuva sob a cobertura da plataforma, como nós. Vendo nosso estado pluvioso e a nossa cara de desamparo, se dispuseram a ajudar. Solícitos e solidários, telefonaram para o hotel em Füssen para ver se havia transporte para nos resgatar (estávamos a 80 km de distância). Não havia.
Por fim, informaram-se por telefone com um taxista sobre o valor que cobraria para nos levar ao destino. 100 euros. Aceitamos. Dali a dez minutos chegou o táxi e, enfim, à uma da madrugada entramos no hotel.
Desde que começou a função, Izabel e eu decidimos que nenhum perrengue abateria nosso ânimo. Assim foi durante aquelas 14 horas. A ajuda daqueles alemães fortaleceu a nossa fé (um tanto enfraquecida) no ser humano. Não ficaram indiferentes, não se omitiram ao ver aqueles pobres pintos molhados na noite de tempestade, estrangeiros numa plataforma vazia.
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* RFI
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