O inverno é um velho rabugento, de barba branca, capote preto, com olheiras e óculos de lentes de fundo de garrafa, afeito ao silêncio e a remotas recordações.
Inícios de setembro, ele prepara a carroça com seus pertences pra fazer a longa viagem ao outro lado do mundo. Viagem na névoa em direção ao hemisfério norte onde vai suceder o outono. As despedidas do inverno ouvem-se na voz do vento anunciando a primavera.
Todavia, como maquinista de fogão a lenha, não posso descuidar. São os últimos frios, as últimas cerrações e geadas. Se o maquinista vacila, as coisas congelam na casa.
Todavia, como maquinista de fogão a lenha, não posso descuidar. São os últimos frios, as últimas cerrações e geadas. Se o maquinista vacila, as coisas congelam na casa.
Adeus, folhas secas, galhos retorcidos, grinfas de pinheiro, fantasmas no sótão. Adeus, nuvens de chumbo. O tempo das folhas verdes novas pede passagem. Tempo de cores e perfumes. O que melhor do que o aroma da flor de laranjeira impregnando o ar?
Anúncio da primavera.
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