Jorge Finatto
photo: jfinatto |
Um ano depois do início da pandemia, o Brasil avança tragicamente para os 300 mil mortos em razão da covid-19. Mais de 2 mil mortos por dia. Já se fala que, em breve, poderemos ter 3 mil mortes diárias. São números avassaladores, inimagináveis mesmo em ficções de terror.
Como chegamos a isto? Em grande parte pela falta de uma gestão federal à altura da catástrofe, que inclui desde o inacreditável negacionismo até a impressionante insensibilidade diante de tanto sofrimento.
Em parte, também, pelo despreparo das administrações estaduais e municipais em lidar com crise tamanha, cada uma se virando de um jeito e fazendo por si na ausência da União.
E nós, população, temos também importante responsabilidade. A teimosia em não seguir as recomendações de médicos e especialistas, as aglomerações irresponsáveis, o pouco caso diante da doença, a indiferença ante o infortúnio do outro (esse estranho tão nosso igual), todos estes fatores trabalhando a favor da morte.
Explodiu o sistema de saúde, não há vagas nos hospitais e nas unidades de terapia intensiva, pessoas morrem nas filas esperando ser tratadas. Pra não falar da solidão dos que padecem nas internações, sem poder contar com a presença de um familiar ou amigo.
É o retrato de um país doente, cuja morte já não espanta nem indigna.
Por outro lado, o mundo está enfrentando o problema da falta de vacinas. Cerca de oito indústrias fabricam imunizantes mas em quantidade rigorosamente insuficiente para aplacar a crise sanitária.
Por que não há uma união entre as nações visando à rápida multiplicação da produção? Por que as farmacêuticas não transferem tecnologia para laboratórios locais com capacidade produtiva como temos no Brasil?
Não haverá uma maneira civilizada e humana de superar a incapacidade de fornecimento de vacinas? O que está em questão não são os lucros dessas indústrias mas preciosas vidas humanas afetadas em todo o planeta.
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