Jorge Finatto
Os meus leitores são gente da família e amigos. Não tenho o que se denomina público leitor. O que, aliás, nunca me impediu de escrever.
Em 1998 publiquei, pela Mercado Aberto, o livro de poemas "O Habitante da Bruma". A expectativa de quem lança um livro é encontrar leitores que justifiquem o esforço da criação.
A editora inscreveu a obra para autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre, que está entre as mais importantes do país. No dia e hora marcados, lá me fui com o coração batendo forte, imaginando como seria o encontro com possíveis leitores. No mesmo horário, havia outros autores autografando. Na minha direita e na minha esquerda longas filas se formavam diante dos escritores. Na minha frente formou-se uma longa fila de ausências.
A hora passava e não chegava ninguém. Fiz cara de paisagem. No final da sessão chegou um senhor com o livro na mão. Pelo menos um, pensei. Esclareceu que viera à sessão de autógrafos a pedido de... minha mãe, sua amiga. Ela, como outros parentes e amigos, tinha ido no lançamento do livro um ou dois meses antes.
Enfim, o sino bateu encerrando a sessão. Me senti aliviado.
O livro fez seu percurso. Conquistou alguns leitores. Recebeu o Prêmio Fernando Pessoa da União Brasileira de Escritores.
Um músico que ama seu instrumento não o abandona por falta de plateia.
Escreve-se por amor à palavra escrita e aos livros, esse modo encantador de comunicação. Escreve-se com sofrimento e alegria, sem saber se haverá leitores. No fundo, há sempre a esperança de sermos lidos e, quem sabe, amados pelo que escrevemos. Ainda que só um amigo de sua mãe vá à sessão de autógrafos, o negócio é não desanimar e tocar o barco.
Moro em SC e sou fã dos seus escritos. Acompanho aqui pelo blog, que tenho entre meus favoritos, (rimou)! Não desanime e não desista, nunca!
ResponderExcluirMinha Cara Dilma. Tuas palavras são motivo de alegria e estímulo! Um grande abraço! Sempre bem-vinda!
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