Jorge Finatto
photo: jfinatto |
a vida de todos os dias, a que eu sempre quis {textos e imagens: Jorge Finatto}
Jorge Finatto
photo: jfinatto |
Jorge Finatto
foto: Alex Rocha, Prefeitura de Porto Alegre |
Estava lendo ontem, com algum atraso, um jornal de novembro do ano passado, que tirei
da pilha no escritório, quando vi a notícia da inauguração do mural em
homenagem a José Lutzenberger (1926-2002), ambientalista, filósofo, cientista,engenheiro agrônomo, paisagista, um dos pioneiros na luta pelo meio ambiente e pela consciência
ecológica no Rio Grande do Sul e no Brasil.
A obra
foi construída na parede lateral do Instituto de Previdência do Estado, na
esquina da Av. Borges de Medeiros com Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, em
Porto Alegre, sendo autor o artista visual Kelvin Koubik. Tem 50 metros
de altura por 15 de largura.
Fiquei feliz com a justa homenagem ao
grande lutador da causa ambiental, seguramente aquele que mais a defendeu
naqueles sombrios anos 1970 e depois até sua morte. Foi a pessoa que mais se
expôs na batalha ecológica, sendo alvo de toda sorte de incompreensões por
parte dos que só veem sentido no lucro fácil e imediatista, para quem a
natureza nada mais é do que um atrapalho.
Lutzenberger fez desenvolver o pensamento ambientalista
de forma nunca antes vista entre nós e seu trabalho correu o Brasil e o mundo.
Não por acaso recebeu, além de pedradas, várias distinções, como o Prêmio Nobel
Alternativo.
O belo painel traz o ecologista entre borboletas, bromélias e um lindo pássaro cardeal pousado sobre o indicador esquerdo. A visão do cardeal é especialmente feliz na minha memória afetiva, já que era o passarinho que eu mais gostava quando vim morar em Porto Alegre, no bairro Mont'Serrat, ainda menino.
O Mont'Serrat, o bairro Bela Vista e arredores eram formados, em parte, por chácaras e matos nos quais havia animais e aves por onde a meninada saía em caminhadas e descobertas nos anos 1960. No lugar onde hoje fica o Shopping Iguatemi havia um tambo que abastecia com leite a vizinhança... O cardeal sumiu da paisagem
urbana, assim como aquela natureza. E o velho tambo ficou só na lembrança.
Em 1973, em plena ditadura civil-militar (1964 - 1985), participei do curso de extensão Equilíbrio e Crise do Meio Ambiente, promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As falas lúcidas e entusiasmadas de Lutzenberger foram fundamentais na minha iniciação ao pensamento ecológico e humanístico, na ventura dos meus16 anos.
Num país como o Brasil a disciplina de Educação Ambiental não poderia faltar em nenhuma escola e universidade, seguindo os ensinamentos do mestre. Para evitar os desastres do presente e os que estão por vir. Para o bem de todos e esperança no futuro.
A Zero Hora de ontem publicou esta foto da querida rosa vermelha do nosso jardim, depois da chuva. Bem haja!