domingo, 28 de maio de 2023

Olhar sobre o Guaíba

 Jorge Finatto


photo: jfinatto

                       

O primeiro amigo que fiz quando cheguei em Porto Alegre aos seis anos foi o Guaíba. Não conhecia ninguém e acabara de me tornar órfão. Com a morte na alma, esperava o bonde passar e atravessava a rua Washington Luís. 

Havia uma pracinha nas proximidades da Casa de Correção (velho presídio depois demolido). Na beira do rio, famílias estendiam toalhas e esteiras na areia e aproveitavam as tardes de verão. Era bonito ver. 

Eu sentava por ali e ficava olhando o Guaíba com seus barcos, peixes, ilhas e aves. Uma grande descoberta para quem vinha da Serra. 

De vez em quando um navio de grande porte entrava ou saía do porto deixando ao passar um sonoro e grave apito. 

Nas nossas conversas o rio me acolheu e me deu consolo. Me ensinou que a vida segue sempre em frente como as águas e que tudo vale a pena.

Na fotografia, em primeiro plano, um galho com biguás reunidos. No fundo, à esquerda, a Ilha das Pedras Brancas, um lugar lindo que transformaram em prisão para presos políticos durante a ditadura militar (1964/1985). Depois, mais ao sul, a saída para a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Outonos

 Jorge Finatto


Canela, Serra Gaúcha


domingo, 21 de maio de 2023

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Outonos

                                 Jorge Finatto



             

A mais bela das estações, para o rude mortal que escreve estas linhas, é o outono. De boa vontade embrulharia o verão e o mandaria direto para o inverno.

 

Mas é no outono que eu renasço.

 

Outono significa transformação, as mudanças tão necessárias para a vida revigorar seu curso. É a concentração das seivas, reunião de forças, introspecção, preparo e passagem para um outro tempo.

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photo: jf

domingo, 7 de maio de 2023

Café da tarde

 Jorge Finatto

photo: jfinatto


No tempo passado havia o costume de fazer uma pausa para o café da tarde. Ninguém mais faz isso. Não existe tempo e, se calhar, as tardes sumiram na bruma da pressa e das inumeráveis tarefas. As loucas lidas da sobrevivência.
Eu sempre que posso invento tempo para o antigo ritual. Foi o que fiz hoje, sentei-me à mesa diante do Vale do Quilombo.

Visto de cima, o vale parece um lugar familiar com casas de pedra e madeira, muros cobertos de hera e gente que tem o hábito de parar na estrada de terra para uma conversa de amigo.

Diante da minha janela uma espécie de plataforma feita de taipa aponta ao infinito.