Jorge Finatto
photo: jfinatto |
O primeiro amigo que fiz quando cheguei em Porto Alegre aos seis anos foi o Guaíba. Não conhecia ninguém e acabara de me tornar órfão. Com a morte na alma, esperava o bonde passar e atravessava a rua Washington Luís.
Havia uma pracinha nas proximidades da Casa de Correção (velho presídio depois demolido). Na beira do rio, famílias estendiam toalhas e esteiras na areia e aproveitavam as tardes de verão. Era bonito ver.
Eu sentava por ali e ficava olhando o Guaíba com seus barcos, peixes, ilhas e aves. Uma grande descoberta para quem vinha da Serra.
De vez em quando um navio de grande porte entrava ou saía do porto deixando ao passar um sonoro e grave apito.
Nas nossas conversas o rio me acolheu e me deu consolo. Me ensinou que a vida segue sempre em frente como as águas e que tudo vale a pena.
Na fotografia, em primeiro plano, um galho com biguás reunidos. No fundo, à esquerda, a Ilha das Pedras Brancas, um lugar lindo que transformaram em prisão para presos políticos durante a ditadura militar (1964/1985). Depois, mais ao sul, a saída para a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico.