Jorge Finatto
photo: Hannah McKay , Reuters. |
Das coisas que vi nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 a mais impressionante foi o gesto das atletas americanas de ginástica artística, no pódio, reverenciando a ginasta brasileira Rebeca Andrade. As americanas, uma de cada lado de Rebeca, dobraram um dos joelhos e estenderam os braços, saudando a brasileira galardoada com o ouro olímpico.
Simone Biles e Jordan Chiles enalteceram o espírito olímpico, a competição saudável, o respeito ao outro, colocando a fraternidade e a sororidade como valores acima da disputa. Rebeca retribuiu o gesto segurando as mãos de ambas. Porque, para as três, competir é uma forma de convivência e não de eliminação ou destruição do competidor adversário.
Ganhar uma medalha olímpica pode ser ótimo, mas mais do que isso o que vale é estar junto, vivendo um momento de prática esportiva baseada na dedicação e na superação. Só é possível essa competição, como é óbvio, porque existe o outro para dividir a experiência.
A reverência de Biles (considerada uma divindade no mundo da ginástica) e Chiles foi o fato mais representativo e belo destas olimpíadas. No esporte como na vida um dia se ganha e noutro, não.
Não existem vencedores e perdedores definitivos. Uma lição de humildade e transitoriedade que enaltece a todos. O contrário disso é passar o resto da vida numa eterna corrida de espermatozoides que não faz muito sentido.
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