Se outra vida houvesse além dessa (e se eu acreditasse em reencarnação), na próxima existência eu queria ser pássaro.
Os pássaros voam e cantam. Têm cores vivas, pinturas incríveis espalhadas pelo corpo. Como se não bastasse, fazem lindos e cálidos ninhos para morar. Habitam nas árvores, sótãos, telhados, muros, rochedos. Não têm senhorio a sugar-lhes o sono e o sangue.
Vivem o instante que cantam e não têm consciência do tempo que passa. Não têm, por isso, os pássaros, a dolorosa e trágica perspectiva de quem navega na canoa em direção ao precipício.
Os antigos navegadores sempre tiveram razão: no fim do mundo tem um abismo imenso e intransponível para o qual correm todas as águas...
Os antigos navegadores sempre tiveram razão: no fim do mundo tem um abismo imenso e intransponível para o qual correm todas as águas...
Agora passam duas gralhas azuis voando diante da minha janela, no horizonte das montanhas e pinheiros.
Na árvore em frente (um jovem pinheiro-bravo), a pequena saíra (todas as cores) enfeita a tarde e afasta a visão do perau.
Na árvore em frente (um jovem pinheiro-bravo), a pequena saíra (todas as cores) enfeita a tarde e afasta a visão do perau.
O voo-canto dos pássaros enche o vazio. Com tão pouco se constrói a leveza.
Só sei que essa presença amiga alimenta o meu coração. Por um momento, esqueço as dores da vida. Bem-hajam!
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