Jorge Adelar Finatto
No sábado saí pelo Guaíba de barco. Esse rio é a alma de Porto Alegre. Entre a cidade e o rio, uma coleção de barcos, pequenas ilhas e crepúsculos. Poucas cidades têm um rio assim para espelhar-se, matar a sede e tomar banho. Mas o esgoto é uma página difícil que teima em não se resolver.
As gaivotas povoam a solidão, voando sobre os navios que partem no rumo do mar. São cerca de 300 quilômetros de água doce que remetem Porto Alegre ao Atlântico pela Lagoa dos Patos.
Fiquei um tempo olhando o azul do céu, sentindo o balanço das ondas, avistando o continente ao longe. Na altura da antiga chaminé, no Parque Harmonia, muita gente caminhava, corria ou andava de bicicleta pela via que margeia o rio (nos fins de semana interrompe-se ali o tráfego de veículos). Alguns biguás sobrevoavam o espelho.
A luz de começo de outono se derrama sobre a paisagem. A delicadeza das cores espalha-se no enlace de céu, vela e cais.
Tenho impressão que fico alguns anos mais moço toda vez que navego pelo Guaíba.
Os aguapés divagam solitários, soltos e vivos nas águas.
Eu sou o efêmero capitão de um barco que atravessa o cartão-postal.
Eu sou o efêmero capitão de um barco que atravessa o cartão-postal.
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Fotos: J. Finatto
Nada como a imensidão do mar ou, em teu caso, deste nosso rio-mar para nos dar a clara pequenez de nossa existência e de nossas inquietações.
ResponderExcluirParalelamente, ao teu passeio, estive em Torres e pude usufruir desta benesse que é estar diante de um curso de água grandioso.
Belo texto, belas fotos, sensíveis reflexões.
Abraço.
Ricardo Mainieri
Ricardo, meu caro,
ResponderExcluirfico no aguardo da crônica desta visita a Torres.
Grande abraço.
JF