terça-feira, 19 de julho de 2011

A busca, nos livros, do ora-veja da vida

Jorge Adelar Finatto



photo: j.finatto

Na tarde chuvosa e fria, entro na livraria. A procura persistente, e vã talvez, de encontrar, nos livros, o ora-veja que falta na vida. Essa busca renova-se a cada nova obra que levamos para casa.

Escritores e poetas são seres que habitam a nossa sensibilidade. Fazem parte do que somos e do que queremos ser. Ajudam-nos a caminhar na estrada em meio a tanta treva.

Costumo levar um livro na bagagem, para diminuir o banzo e a solidão das viagens. O livro traz, em si, um pouco da casa que ficou distante. O fato de sabê-lo por perto, ao alcance da mão, no quarto de hotel, proporciona o aconchego das coisas íntimas.

Hoje os meus livros estão mais sossegados nas estantes. Mas nem sempre foi assim. Eu, que detesto mudanças de endereço, perdi a conta de quantas vezes tive de mudar de casa neste mundo de Deus.

Nunca me acostumei a esses movimentos que trocam tudo de lugar. Um sofrimento sair da casa, da rua, da cidade. No meio do caos emocional que isso traz, os livros nos acompanham, passando um sentimento de permanência.

Os livros são nossos confidentes e amigos espirituais.

5 comentários:

  1. Fernando Pessoa na lâmpada

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  2. Não tinha me dado conta. Bela descoberta a sua. Pois quem sabe não é mesmo o poeta por ali?

    Abraço.

    JF

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  3. LIVROS

    Pousar por instantes
    minha alma
    na estante

    onde amigos me esperam.

    Sem desespero
    comunicam-se
    e eu os decifro.

    Nos livros
    solidão é ficção.

    A realidade
    na verdade
    tem olhos vendados.

    Ricardo Mainieri

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  4. A realidade tem mesmo olhos vendados, Ricardo. É preciso repousar a alma na estante.

    Abraço.

    JF

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  5. Belo poema Ricardo.
    Vamos ser claros livro é tudo de BOM.

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