sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Canção da bruma

Jorge Adelar Finatto

photo: j.finatto


Senhor
quando chegar
a minha vez
de cruzar a ponte
deixa eu levar comigo
no alforje de nuvem
os dias de sol

as tardes
de outono

os pinheiros
da serra onde
nasci

deixa eu levar
o som do riacho

as antigas
conversas
da Rua São João

me concede
a memória
dos amigos
da infância

na bruma
que serei
me alcança
um bosque
e pássaros
para tecer
a minha casa

________

Poema do livro O habitante da bruma, Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1998.
photo: j.finatto

6 comentários:

  1. Nos levaremos nossas memórias, Adelar. Agregaremos mais este manancial de vivências ao que já trazemos do pretérito. Os bens materiais ficam por aqui, bem como as relações que precisamos estabelecer com os senhores do mundo.
    Talvez fique também a poesia, a ser redescoberta, assim meio arqueologicamente, pelas gerações futuras.

    Abraço.

    Ricardo Mainieri

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  2. Segui o link de Mainieri; gostei da poesia - etérea, viva,simbólica.

    beijos da El

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  3. Denise Oliveira Cezar6 de novembro de 2011 às 10:36

    Querido amigo Finatto:
    Nos perdemos não faz muito, nos corredores da vida.
    Mas os dois lindos olhos atentos do teu filho Lourenzo nos serviram de janela.
    Agora sei de ti nesta tela, e não me surpreendo em ver a beleza em estado puro.
    A vida retratada em imagens e em versos desperta meus sentimentos adormecidos pela rotina do concreto e do papel timbrado.
    Um carinhoso abraço para ti e para a família.
    Denise Oliveira Cezar

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  4. Querida Denise.

    Fico muito feliz com a tua mensagem. És uma presença constante na nossa admiração e no nosso coração. Um ser humano raro como tu nos inspira pelas atitudes e pelo exemplo. Conciliar razão e emoção nunca é fácil e fazes isso muito bem.

    Estou aqui na beira do Tejo com Izabel. E na beira dessas águas outonais quase azuis te mandamos um abraço do tamanho do Atlântico.

    Nunca vamos nos perder.

    Finatto

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  5. Estimado Ricardo.

    Como sempre, o teu comentário me faz ver coisas além e serve de inspiração.

    Um grande abraço, querido amigo.

    JF

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  6. Cara Eliana.

    Valeu pela presença e pelo comentário.

    Um grande abraço.

    JF

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