Em Lisboa, duas mulheres foram encontradas mortas no apartamento onde moravam, na Travessa do Convento de Jesus. Uma tinha 74 anos, a outra, 80. Uma vizinha estranhou que elas não atendiam a porta há dias e informou a polícia. Os corpos estavam em decomposição e foram retirados nessa quarta-feira, 25.
De acordo com os primeiros informes, eram irmãs. A mais nova sofria de câncer e cuidava da mais velha, que estava doente na cama. A senhora de 74 anos veio a falecer, após prolongada enfermidade. A outra, que dela dependia, ficou sem receber cuidados, água e alimentos, vindo a morrer também.
A tragédia aconteceu em Lisboa, mas fatos semelhantes ocorrem diariamente pelo mundo. O brutal isolamento das pessoas está em toda a parte.
Entre velhos e crianças, esta realidade é ainda mais triste, porque normalmente são indefesos.
Morre-se no silêncio do abandono e no retiro da dor. Morre-se de qualquer jeito, sem assistência, longe do olhar das autoridades, dos parentes e amigos. Morre-se distante das redes sociais, como bicho, num dia qualquer de janeiro. Ninguém põe atenção nisso.
Afinal, todos estamos muito ocupados com a internet, e-mail, facebook, twitter, skype, blog e sei lá mais o quê. Nos comunicamos com o mundo inteiro a todo instante, mas não conseguimos cumprimentar e muito menos saber o que se passa com o vizinho de porta.
Afinal, todos estamos muito ocupados com a internet, e-mail, facebook, twitter, skype, blog e sei lá mais o quê. Nos comunicamos com o mundo inteiro a todo instante, mas não conseguimos cumprimentar e muito menos saber o que se passa com o vizinho de porta.
A história dessas duas senhoras é o retrato devastador de um tempo de solidão, onde se morre sem ter ao menos uma mão para segurar, porque essa mão afundou e já não pode nos valer no mar de sombras.
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