sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Rua sem sol

Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto


Os antepassados
negros e italianos
rasgaram o oceano
para que eu estivesse aqui
no futuro
olhando o fim de tarde
no horizonte dos muros

não possuo do imigrante branco
a esperança eldorada
nem a saudade triste do preto
em pranto mastigada

sou apenas um homem mestiço
olhando o movimento dos barcos

agora que a noite cai
sobre a cidade
e me surpreendo sonhando
com a fuga
por uma rua sem sol

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Do livro O Fazedor de Auroras, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.

2 comentários:

  1. Outro poema belíssimo deste livro que merecia, sinceramente, uma reedição.
    Olha aí, amigo Silvestrin, que bela oportunidade de trazer a boa poesia para essa geração que não lê...

    Abraço.

    Ricardo Mainieri

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  2. Ricardo.

    É uma bela ideia (a reedição), ficaria muito feliz.

    Agradeço a generosidade.

    Um abraço.

    JF

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