Jorge Adelar Finatto
Senhor
quando chegar
a minha vez
de cruzar a ponte
deixa eu levar comigo
no alforje de nuvem
os dias de sol
as tardes
de outono
os pinheiros
da serra onde
nasci
deixa eu levar
o som do riacho
as antigas
conversas
da Rua São João
me concede
a memória
dos amigos
da infância
na bruma
que serei
me alcança
um bosque
e pássaros
para tecer
a minha casa
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Poema do livro O habitante da bruma, Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1998.
Este poema é como um pequeno oratório. pungente & lírico. Me lembrei, não sei porque, de "Guarde nos olhos", de Ivan Lins e Vítor Martins. Parecem ter um parentesco de alma.
ResponderExcluirAbraço.
Ricardo Mainieri
Às vezes a gente escreve em forma de oração.
ResponderExcluirEsse poema é uma oração.
Muito obrigado, Ricardo.
JF