segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Viver é tudo que temos: vivamos

Jorge Adelar Finatto
 

photo: j.finatto
 
Além da difícil luta pela sobrevivência, que nos consome mundos de sacrifício, nervos e paciência, temos de prover as necessidades do espírito. Nem só de pão vive o homem, diz o ensinamento bíblico (Mateus 4:4, Lucas 4:4).
 
Cada um faz o que pode (ou pelo menos devia). Em geral, trabalha-se duro uma vida toda para garantir o sustento e um pouco de segurança. Sobra pouco tempo para olhar os detalhes da paisagem e as coisas interiores.

Mas quem quer trilhar o caminho do conhecimento e do alumbramento não deve desistir.
 
Como passar por este mundo tão belo sem deter o passo para admirar, endender e sentir o que nele pulsa?
 
Aquele que diz que não tem sede espiritual é porque já está seco por dentro. Os secos não têm precisão de leitura, música, pintura, conversas, teatro, janelas, barcos no cais, pinheiros na Serra.
 
As crianças não são indiferentes ao mundo ao seu redor, olham amorosamente para os seres e as coisas. Veem a vida sempre pela primeira vez. Esse olhar inaugural é que faz bater o coração, adoça o pensamento.

Sejamos como as crianças. 

Não vale a pena desistir da beleza e da busca só porque alguns fazem tudo para estragar a travessia.

Viver é tudo que temos, raro leitor, é a nossa única oportunidade. Na dúvida, vivamos.
 
Enquanto escrevo estas linhas, a solidão e o drama se renovam no planeta azul.

Mas também as gaivotas, as pontes e o olhar primitivo das crianças. Vivamos.

Essas palavras, de tão breves e leves, nenhuma marca deixarão no ar onde flutuam.

Em segredo e em silêncio, vivamos.
 

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