Jorge Adelar Finatto
Yoani Sánchez. Fonte:Wikipédia |
As ditaduras são feitas de cadáveres e prisões. Não existe a figura do bom ditador.
Sejam de direita ou de esquerda, ditaduras são igualmente infernais. As pessoas da minha geração, que sofreram na pele a falta de liberdade e de perspectivas durante o período ditatorial brasileiro, sabem o que isso significa.
Sejam de direita ou de esquerda, ditaduras são igualmente infernais. As pessoas da minha geração, que sofreram na pele a falta de liberdade e de perspectivas durante o período ditatorial brasileiro, sabem o que isso significa.
Depois de muitas e frustradas tentativas, a filóloga, jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez, nascida em 4 de setembro de 1975, conseguiu autorização para viajar para fora do seu país. Chegou ao Brasil há alguns dias, o primeiro país que visita.
Yoani é alguém com coragem para criticar o sistema político e social em seu país. Criou, em 2007, o blog Generación Y. Por conta disso, é perseguida. Não é inimiga de Cuba, pelo contrário. Quer mudanças, quer mais participação do povo e melhores condições de vida. Deseja, enfim, o que qualquer pessoa razoável sonha: uma existência melhor para todos.
O tratamento agressivo que Yoani vem recebendo no Brasil, por parte de alguns defensores do regime ditatorial cubano, é desrespeitoso não apenas com ela como em relação à sociedade brasileira, que não aceita o cerceamento à liberdade de expressão.
A visita da jornalista tem sido marcada por manifestações antidemocráticas e grosseiras contra ela, por parte dessa minoria extremista que nem de longe representa o povo brasileiro, por "ousar" criticar o regime.
Os irmãos Fidel Castro Ruz, ex-presidente, e Raúl Castro Ruz, atual líder político de Cuba, não se mostram dispostos a permitir a democratização e nem a rever a forma de tratar os opositores do regime de partido único (Partido Comunista de Cuba).
A Revolução Cubana, vitoriosa em 1959, liderada por gente como Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, combateu a ditadura do general Fulgencio Batista, que, entre outras violências, tratava com brutalidade os inimigos políticos.
Uma vez no poder, os dirigentes cubanos repetem a intolerância contra os adversários.
Informações divulgadas ao longo das últimas décadas mostram que a revolução trouxe avanços, principalmente em áreas como educação e saúde. É um país pequeno, que tem hoje cerca de 12 milhões de habitantes.
O embargo econômico imposto pelos Estados Unidos só tem colaborado para a falta de avanços sociais e políticos em Cuba. A posição americana é um obstáculo ao fim da ditadura e fortalece o discurso persecutório dos governantes. Yoani, por sinal, é contra o embargo.
Fidel Castro, seu irmão e sequazes cometem o erro essencial de todos os ditadores: acham-se insubstituíveis, e não admitem a transição democrática do poder. Consideram-se melhores e mais preparados do que todos os outros cidadãos e só eles sabem o que é bom para o país.
O governo que se diz revolucionário não reconhece a existência de perseguições por razões de consciência e afirma que o que há são mercenários a serviço dos Estados Unidos, alegação que não convence a mais ninguém.
O que se pergunta é quantas prisões e até mortes serão ainda necessárias para que se estabeleçam o diálogo e o respeito aos que pensam diferente do governo em Cuba.
É uma violência aos direitos humanos um mesmo grupo manter-se no poder por tanto tempo, afastando a população da democracia, negando-lhe direitos políticos e condenando gerações ao silêncio e ao atraso.
Não existe justificativa, do ponto de vista ético, político e humano, para essa eternização, que só é possível mediante a eliminação da liberdade e, às vezes, da própria vida de quem é contrário ao sistema.
O que se espera do governo brasileiro é uma posição firme e clara contra a falta de democracia naquele país e contra a perseguição movida aos que se manifestam por mudanças.
A visita da jornalista tem sido marcada por manifestações antidemocráticas e grosseiras contra ela, por parte dessa minoria extremista que nem de longe representa o povo brasileiro, por "ousar" criticar o regime.
Os irmãos Fidel Castro Ruz, ex-presidente, e Raúl Castro Ruz, atual líder político de Cuba, não se mostram dispostos a permitir a democratização e nem a rever a forma de tratar os opositores do regime de partido único (Partido Comunista de Cuba).
A Revolução Cubana, vitoriosa em 1959, liderada por gente como Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, combateu a ditadura do general Fulgencio Batista, que, entre outras violências, tratava com brutalidade os inimigos políticos.
Uma vez no poder, os dirigentes cubanos repetem a intolerância contra os adversários.
Informações divulgadas ao longo das últimas décadas mostram que a revolução trouxe avanços, principalmente em áreas como educação e saúde. É um país pequeno, que tem hoje cerca de 12 milhões de habitantes.
O embargo econômico imposto pelos Estados Unidos só tem colaborado para a falta de avanços sociais e políticos em Cuba. A posição americana é um obstáculo ao fim da ditadura e fortalece o discurso persecutório dos governantes. Yoani, por sinal, é contra o embargo.
Fidel Castro, seu irmão e sequazes cometem o erro essencial de todos os ditadores: acham-se insubstituíveis, e não admitem a transição democrática do poder. Consideram-se melhores e mais preparados do que todos os outros cidadãos e só eles sabem o que é bom para o país.
O governo que se diz revolucionário não reconhece a existência de perseguições por razões de consciência e afirma que o que há são mercenários a serviço dos Estados Unidos, alegação que não convence a mais ninguém.
O que se pergunta é quantas prisões e até mortes serão ainda necessárias para que se estabeleçam o diálogo e o respeito aos que pensam diferente do governo em Cuba.
É uma violência aos direitos humanos um mesmo grupo manter-se no poder por tanto tempo, afastando a população da democracia, negando-lhe direitos políticos e condenando gerações ao silêncio e ao atraso.
Não existe justificativa, do ponto de vista ético, político e humano, para essa eternização, que só é possível mediante a eliminação da liberdade e, às vezes, da própria vida de quem é contrário ao sistema.
O que se espera do governo brasileiro é uma posição firme e clara contra a falta de democracia naquele país e contra a perseguição movida aos que se manifestam por mudanças.
É incompreensível e inaceitável o longo e pesado silêncio das autoridades brasileiras em relação aos direitos humanos e à escuridão política em Cuba.
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A blogueira cubana e o blog do juiz:
http://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2013/02/24/a-blogueira-cubana-e-o-blog-do-juiz/
O testemunho dos livros:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2010/03/o-testemunho-dos-livros.html
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A blogueira cubana e o blog do juiz:
http://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2013/02/24/a-blogueira-cubana-e-o-blog-do-juiz/
O testemunho dos livros:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2010/03/o-testemunho-dos-livros.html
Generación Y:
http://www.desdecuba.com/generaciony/
De Cuba, com carinho (livro de Yoani Sánchez):
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/707897-em-de-cuba-com-carinho-yoani-sanchez-questiona-ideologias-latino-americanas.shtml
A arte de ser juiz:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2011/07/arte-de-ser-juiz.html
jfinatto@terra.com.br
Será que a Magistratura, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil, desta vez de mãos dadas, não poderiam fazer alguma coisa de positivo em relação à inércia do governo brasileiro em relação a Yoane? Acredito que esse governo tem "culpa no cartório" quando se omite. A nossa CF/88 é clara ao ponto de nem sequer precisar interpretação para a defesa do direito de expressão.
ResponderExcluirPor fim, gostaria de lembrar ao Jorge que a ditadura de cá rendeu bons frutos - basta verificar a sua posição atual; quero saber dos frutos da cubana!
ótimo. Direto ao ponto e sem viés ideológico. Os que os simpatizantes do ditador vão falar, que o colega é pago pela ultra direita, representante do EUA e da imprensa golpista ? Porque qualquer coisa que seja contra o que os amantes da ditadura cubana pensam sempre culpam os mesmos de sempre...
ResponderExcluirÓtimo texto! Realmente é hora do governo brasileiro se posicionar com relação ao que ocorre em Cuba, mas isso dificilmente irá acontecer. Ano passado ainda recebemos de portas abertas outro ditador: Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã. Essa é umas das omissões do atual governo que não consigo aceitar.
ResponderExcluirA sua ignorância sobre CUBA é patética como mais patética ainda é a sua defesa de uma figura opaca e mercenária incensada pela GRANDE MÍDIA (que, aliá, sempre apoia golpes de estado e fascínoras da pior espécie) e cujas contas, certamente, não são pagas com dinheiro da beneficência.
ResponderExcluirCaros Carlito, Luciano e Daniel.
ResponderExcluirAgradeço muito os comentários que fizeram, que vêm a ampliar a reflexão sobre o tema. Me sinto honrado com a presença de vocês.
Um abraço.
Jorge Finatto
Senhor Anônimo.
ResponderExcluirSou admirador de Cuba, de seu povo valoroso, criativo, forte e lutador. É um querido país irmão.
O povo de qualquer nação é maior que o seu governo, seja ele qual for. Governos são (ou deveriam ser) transitórios.
Não é aceitável que o Estado, supostamente em troca de direitos sociais como educação e saúde, elimine a liberdade de expressão, os direitos políticos e a democracia. É dever do Estado garantir esses e outros direitos, sem que isso implique o fim das liberdades civis e de pensamento. Não lhe parece?
Sustentar a legitimidade da ditadura de um pequeno grupo que se mantém no poder por mais de 50 anos é algo, a meu ver, perturbador.
Opinar sobre a realidade de um país irmão como Cuba não é o absurdo que alguns querem fazer parecer, não é intromissão. Faz parte da solidariedade que deve haver entre os povos - e as pessoas.
Nós no Brasil temos graves problemas, inclusive na área dos direitos humanos. Não somos um bom exemplo, pelo contrário. A triste experiência da ditadura nos ensinou que a democracia é o melhor caminho para enfrentar os nossos males. Não existem salvadores.
Causa preocupação que, na falta de argumentos contra as idéias da blogueira, alguns insistam no ataque pessoal, o que absolutamente não é democrático, mas persecutório e destrutivo.
Ninguém é dono da verdade, todos somos gente e queremos ser ouvidos e aprender.
O problema é que algumas pessoas perderam a capacidade de escutar o outro. Não há democracia sem respeito à diferença.
De fato,não acredito num sistema em que os direitos sociais não possam conviver com liberdade e dignidade da pessoa humana.
Jorge Finatto
Adorei o texto! A agressividade e a ferocidade com que a blogueira foi atacada no Brasil destoa completamente da tão sonhada democracia do nosso País! E que VÃO PARA CUBA aqueles que cegamente apoiam o sistema adotado pelo País!!!!
ResponderExcluirCara Anônima.
ExcluirO bom seria todos nos reunirmos em torno da mesa e conversar, conversar, até extrair alguma coisa boa do diálogo. Sem gritos, sem intimidações, sem agressões.
Se o desrespeito ao outro resolvesse, o mundo seria um paraíso, porque a violência está em toda parte.
Muito obrigado pela presença.
Jorge Finatto
Salve juiz Finatto,
ResponderExcluirPercebi que meu comentário o Sr. julgou melhor não publicar. Só queria então sugerir-lhe uma outra leitura que acho que o colunista da Folha não publicaria: http://www.gerivaldoneiva.com/2013/02/a-chegada-de-yoani-em-coite-e-o-papel.html
Salve, Ronaldo.
ExcluirSeja bem-vindo.
Li os artigos que me indicaste com interesse e te agradeço muito.
Acredito que é esse diálogo que nos leva pra frente. Conversando, disposto a rever posições se for o caso, de peito aberto, sem medo.
O que a gente quer é melhorar, aprender. Não fecho as portas de jeito nenhum.
Um abraço.
Jorge Finatto