desliguei a luz, fechei o livro, afundei na poltrona do escritório, pra ficar só com o som da chuva,
nas telhas, em volta da casa, nas árvores, no verde balde cantante do jardim.
fiz silêncio para ouvir. a voz da chuva.
me levou pra bem longe.
uma chuva como da primeira vez que choveu no mundo.
a chuva que alguém sentiu na pele há 6 mil anos num jardim perdido.
a chuva espalhou-se em mim e me arrastou pra longe do que eu sou, chuva boa de fugir nela.
imemorial e materna, colo pra dormir.
o som da chuva é música ancestral do mundo, a canção principial.
a chuva espalhou-se em mim e me arrastou pra longe do que eu sou, chuva boa de fugir nela.
imemorial e materna, colo pra dormir.
fiz silêncio até me sentir parte da chuva, até me diluir no seu ventre, no seu corpo doce e molhado,
até me esquecer.
até me esquecer.
Os sons primordiais do mundo estão aí, para quem tem alma. Infelizmente, o que mais se ouve são os roncos dos motores e das motosserras...
ResponderExcluirBelo poema, de integração com a Natureza, pois querendo ou não somos seres da natureza e voltaremos a ela um dia.
Abs.
Ricardo Mainieri
Caríssimo amigo.
ResponderExcluirDe som em som, de palavra em palavra, até o grande silêncio.
Um abraço.
JF