Jorge Adelar Finatto
ilustração: Maria Machiavelli |
Essa mania de escrever para ninguém é mesmo uma coisa de doido, difícil de compreender, algo que se prestaria a estudos profundos sobre as razões últimas que movem o ser humano.
Escrever para a nuvem, como se faz num blog, é mais ou menos como mandar uma carta para o espaço dentro de uma garrafa. Provavelmente não estaremos aqui para receber a resposta, quando e se vier.
Um arqueólogo da internet, daqui a alguns séculos (ou segundos, do jeito que as coisas andam depressa), escavará a superfície tênue da blogosfera atrás de registros feitos por antigos blogueiros em cavernas virtuais. Talvez encontre este texto.
O fato é que hoje, nestes confins de abril, por força de um gelado outono (ou invencível melancolia), o cronista escreve para a nuvem e não consegue traçar a primeira palavra do texto de amanhã.
Não há leitores à espera destas mal-traçadas. Acho que nem haverá além dos arqueólogos da internet. As pessoas têm mais o que fazer, vida difícil, tempo escasso, passam bem sem leituras virtuais.
O problema, se é que existe, é do cronista nefelibata, que não encontra a primeira palavra. O tempo é de acender a lanterna em busca do caminho.
Enfim, a questão é que as palavras estão hibernando nos dicionários. A inspiração é só um estado de espírito e escrever é mais do que isso.
Vivemos um tempo de secas esperanças, mas é preciso seguir em frente.
Como tarda amanhecer quando a escuridão é tamanha!
Nessa hora erma e côncava, vou mesmo é sair por aí no meu dirigível amarelo, deslizando entre nuvens, numa viagem pra fora do planeta. Quero ir subindo, subindo, numa longa curvatura de silêncio em direção às estrelas.
Carrego comigo um novo caderno para escrever (como da primeira vez).
No meu dirigível para as estrelas.
Escrever para a nuvem, como se faz num blog, é mais ou menos como mandar uma carta para o espaço dentro de uma garrafa. Provavelmente não estaremos aqui para receber a resposta, quando e se vier.
Um arqueólogo da internet, daqui a alguns séculos (ou segundos, do jeito que as coisas andam depressa), escavará a superfície tênue da blogosfera atrás de registros feitos por antigos blogueiros em cavernas virtuais. Talvez encontre este texto.
O fato é que hoje, nestes confins de abril, por força de um gelado outono (ou invencível melancolia), o cronista escreve para a nuvem e não consegue traçar a primeira palavra do texto de amanhã.
Não há leitores à espera destas mal-traçadas. Acho que nem haverá além dos arqueólogos da internet. As pessoas têm mais o que fazer, vida difícil, tempo escasso, passam bem sem leituras virtuais.
O problema, se é que existe, é do cronista nefelibata, que não encontra a primeira palavra. O tempo é de acender a lanterna em busca do caminho.
Enfim, a questão é que as palavras estão hibernando nos dicionários. A inspiração é só um estado de espírito e escrever é mais do que isso.
Vivemos um tempo de secas esperanças, mas é preciso seguir em frente.
Como tarda amanhecer quando a escuridão é tamanha!
Nessa hora erma e côncava, vou mesmo é sair por aí no meu dirigível amarelo, deslizando entre nuvens, numa viagem pra fora do planeta. Quero ir subindo, subindo, numa longa curvatura de silêncio em direção às estrelas.
Carrego comigo um novo caderno para escrever (como da primeira vez).
No meu dirigível para as estrelas.
Esse teu dirigível atingiu o refúgio solitário do poeta Ricardo Mainieri, também um habitante dos espaços cósmicos da blogosfera. Continue a escrever a tua ótima prosa e tua excelente poesia. Persevere. Como um incentivo te envio, abaixo, um link onde poderás ver os inúmeros concursos avulsos ou de livros que a Internet proporciona: www.concursos-literarios.blogspot.com.br. Mãos à obra!
ResponderExcluirO refúgio solitário do poeta Ricardo é um território de beleza, sensibilidade e humanidade. Um lugar onde milagres acontecem. É um privilégio chegar lá. Um abraço!
ExcluirEu leio-o, sempre!
ResponderExcluirVera
Valeu, Vera. Sempre bem-vinda!
ExcluirUm abraço
Em seu artigo, Escritores Criativos e Devaneios, Freud escreveu que “brincar e criar estão estreitamente ligados, logo o adulto jamais deixa de brincar.” Seja como for, não acho que quem escreve; “escreva para ninguém”. Acredito que nossas palavras ou desenhos, sempre encontrarão eco, mesmo que haja uma divergência de horário no relógio da estação. Mesmo que passem os séculos, nunca terá sido um desencontro. Não é possível o brotar de uma paixão, o acariciar a página de um livro, quando lemos autores que viveram séculos passados? Pois se conseguem tocar tão profundamente, porque não deixar uma marca de minha passagem? Só vai recebê-la quem souber, e precisar, lê-la.
ExcluirA tua fina percepção lança generosas luzes sobre o texto. Tens razão, somos parte de uma mesma família. Um se completa no outro, autor, texto, leitor. Somos todos criadores. Perseguimos o belo, o humano, o irrevelado. Essa busca tem de valer a pena. E quase sempre vale. Feliz Domingo de Páscoa!
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