Jorge Adelar Finatto
Uma parte dele diz que já esqueceu. Não tem lembrança de tal pessoa. Esqueceu a cor dos cabelos, dos olhos. O jeito de falar e de sorrir, quando se encontravam.
A mão não guardou a forma dos seios. Se havia doçura no beijo?, não tem memória.
A outra parte, porém, lembra até o perfume daquela mulher, o modo que ela tinha - só ela - de retirá-lo do poço escuro, o calor dos corpos entrelaçados.
Recorda com ternura os passeios na estação das águas, entre palmeiras imperiais, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
As vozes de ambos ainda se ouvem nas tardes longínquas.
Recorda com ternura os passeios na estação das águas, entre palmeiras imperiais, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
As vozes de ambos ainda se ouvem nas tardes longínquas.
Esta é talvez a parte mais doída. Mas é a mais viva. A que faz com que ele se sinta menos só na cidade abandonada.
O tempo é um mistério e uma armadilha. 30 anos passam num instante.
O tempo é um mistério e uma armadilha. 30 anos passam num instante.
Como diria o poeta e cantor Belchior: "na parede da memória/essas lembranças/são o que dói mais"
ResponderExcluirQuantas quimeras juvenis ficaram, assim, transitando como um feixe de lembranças que ocasionalmente assola a memória. Algumas vividas, outras apenas imaginadas.
Lindo texto, Adelar, me identifiquei com ele. Quem sabe por também achar que vivíamos num tempo melhor, apesar da ferocidade da época. Abração do Ricardo Mainieri
Ricardo, são lembranças de um tempo antigo, às vezes verossímeis, outras não, mas agora que cheguei aos 30 anos "um feixe ocasionalmente assola a memória", como muito bem dizes. Às vezes confundo um pouco os números da minha idade. Mas 30 a mais ou a menos não fazem tanta diferença... Um grande abraço, caro amigo.
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