domingo, 18 de outubro de 2015

E se formos só nós no universo?

Jorge Adelar Finatto
 
photo: jfinatto
 
Para alguns, é impossível não haver vida além da humana em outros lugares do universo. A imensidão do cosmos não permitiria fechar a porta para a existência de extraterrestres. Por que Deus (ou o acaso, para os não criacionistas) criaria o infinito para deleite só dos humanos? Humanos, aliás, que não têm merecimento para receber tanta bondade.

A pergunta é: e se for mesmo assim, se não houver mais ninguém em lugar nenhum? Nesse caso teremos de nos conformar e aceitar que estamos sós, os escolhidos. Seríamos, assim, o centro da vida. Os donos de tudo.

Se isso alguma vez se confirmasse, será que seríamos melhores com os outros seres vivos e com o nosso semelhante? O problema é que não podemos esperar essa resposta para adotar um comportamento digno. O mundo está se esfarelando diante de nós.

Seria altamente recomendável se cada um se levantasse amanhã mais sensível, amigável, solidário. Dotado de sentimentos capazes de fazer cessar a enorme violência com que tratamos uns aos outros e maltratamos a natureza.

Será um vexame esperar que algum alienígena do espaço venha a nos ensinar a ser melhores do que isso.

Enquanto escrevo essas inúteis linhas, faz 3 graus. Depois do dilúvio das últimas semanas, o frio polar. Acendo a lareira com restos secos de madeira recolhidos do mato. Vem calor e um cheiro bom. Fico olhando o colorido bailante das flamas. A hora é tardia. Dizer que até o fogo tem sua beleza.

Termino essa crônica domingueira com a expressão luminosa de Ítalo Calvino: do outro lado das palavras, há algo que busca sair do silêncio, busca significar por intermédio da linguagem, como dando golpes no muro de uma prisão.*

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*Mundo escrito e mundo não escrito - Artigos, conferências e entrevistas. Ítalo Calvino. pág. 114. Organização de Mario Barenghi. Tradução de Maurício Santana Dias. Companhia das Letras, São Paulo, 2015.
 

2 comentários:

  1. Adelar, acredito que devam existir outras formas de vida em planetas e estrelas distantes. O falho ser humano está estagiando nesta Terra para, quem sabe, alcançar outras esferas. Infelizmente, este sentimento da transcendência está se tornando raro entre os humanos. Eles perseguem novos modelos de carros, a nova sub-celebridade da moda, a casa no bairro nobre e por aí vai. A resposta para as clássicas perguntas. De onde vim, para onde vou e quem eu sou? soam uma perda de tempo, onde a produção e o externo é quem mandam. Triste isso. No entanto vejo em ti, ainda, um ser capaz de espargir luz com teus questionamentos e tua prosa. Que esta comunhão entre nossos pensamentos prossiga. Abraço.

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    1. Ricardo, realmente troquei o e-mail e acho que o antigo estava causando problemas nos comentários. Foi bom me alertares. Senão, alguém pode pensar que rejeito comentários. Nunca faço. Um grande abraço deste teu irmão espiritual/espacial e, por enquanto, também terráqueo.

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