Jorge Finatto
O sentimento que me levou a escrever este poema, há muitos anos, é parecido com o de agora. A diferença é que, naquele tempo, eu tinha 22 anos e uma vida pela frente. Havia a ditadura militar mas havia, sobretudo, a esperança na democracia, que acabou se impondo pela vontade do povo. Os maus políticos e a corrupção, contudo, botaram tudo por terra. Precisamos urgentemente reinventar o sonho.
TARDE no Brasil
nenhuma novidade no coração ou no lugar
estou vivo
na esquina da Rua Santana
homens pobres discutem futebol
mulheres passam ao lado
o ruidoso colorido da roupa
cortando o silêncio em fatias
tarde
nenhuma esperança nos olhos de Esmeralda
a louca cantora sentada no meio-fio
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Poema do livro Claridade. Jorge A. Finatto. Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Editora Movimento, 1983.
Esse poema é um manifesto social, dotado de um lirismo desencantado. Adoro ele.
ResponderExcluirRicardo Mainieri
Escrevi numa tarde de inverno, durante o café, no bar da Faculdade de Farmácia da UFRGS. Um grande abraço.
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