domingo, 2 de junho de 2019

A livraria e a rua

Jorge Finatto

photos: jfinatto
 
NUMA CIDADE afundada em violência, num país em que a criminalidade fugiu do controle, as pessoas evitam andar nas ruas. Só o fazem quando necessário, pois há sempre presente o risco de figurar no longo rol das vítimas da barbárie. 

Há, contudo, um movimento dos cidadãos no sentido de voltar a ocupar o espaço público. Há como que uma necessidade física e psicológica das pessoas de sair das tocas a que estão submetidas.

Desde sempre a cidade é o lugar de convivência entre os humanos.  O espaço comum, o local de interação, de trabalho, de lazer, de coexistência, de construção da vida. Não por acaso surgem agora iniciativas como a Noite dos Museus, em que uma multidão se reúne para sair pelas ruas em intensa programação cultural e comunitária.


Com alegria visitei na semana que passou uma nova livraria, a PocketStore. O bacana é que é uma livraria de rua, não de shopping. Nasce com este espírito de retorno ao espaço público, na Rua Félix da Cunha, no bairro Moinhos de Vento, cada vez mais povoado de cafés, restaurantes, sorveterias, bancas de jornal e lojas nas calçadas.

 

A PocketStore é um bom espaço, moderno e bem atendido. A única coisa que eu mudaria é o nome: por que não chamá-la Livros de Bolso, ou coisa parecida? O português é tão bonito, tão gostoso de ler e escrever. Nada contra o inglês, mas para uma livraria creio que ficaria melhor um nome no idioma de Saramago, Nelson Rodrigues e Guimarães Rosa. Mas isso é detalhe, gosto pessoal. O que importa, raro leitor, e deve ser saudado, é a oportuna iniciativa de colocar a livraria na rua.
  

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