TENHO MEDO de quem nunca duvida das próprias certezas. A rigidez de pensamento tem motivado a grande desolação em que vivemos. Questionar-se sobre o modo de ser e de fazer as coisas, repensar a vida, olhar o outro, é exercício de civilidade cada vez mais raro.
O fundamentalismo, seja laico, religioso ou político, não torna as pessoas mais felizes e nem melhores. Pelo contrário, espalha sofrimento, conflito, morte. O fundamentalista é dono de verdades absolutas, irrenunciáveis. Ele e o grupo a que pertence, incapazes de autocrítica, são pérolas que pairam impolutas sobre os pobres mortais.
No Brasil de hoje, à esquerda e à direita, a irracionalidade tomou conta.
No Brasil de hoje, à esquerda e à direita, a irracionalidade tomou conta.
Pôr-se no lugar das outras pessoas, ponderar suas razões e sentimentos, está fora de cogitação para o sectário. O que ele quer - ser iluminado que é - é mandar na vida alheia e no país, mostrar o caminho único da ventura e prosperidade.
O fundamentalismo passa longe da tolerância, essa atitude que, sendo menos que o respeito, é, todavia, um primeiro passo na aceitação do diferente.
Prefiro viver numa sociedade com muitas faces do que num hospício, que é para onde nos conduzem a inflexibilidade, o fanatismo, a força bruta, o aniquilamento da alteridade.
A ética da aproximação, como princípio fundamental da existência, é, ainda, a possível ponte para uma convivência razoavelmente civilizada e fraterna.
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