Jorge Finatto
Sabiá-laranjeira. photo: Dario Sanches. Wikipédia |
UMA ALEGRIA era tudo o que eu queria por esses dias. O mundo em geral, e o Brasil em particular, andam muito tristes. Pois ela enfim chegou. Os sabiás voltaram a habitar a minha rua.
É uma alegria humilde, numa pequena rua. Mas enche o coração. Os sabiás voltaram a cantar, coisa que não acontecia há muito tempo. No meio de tanto barulho, gritos, discussões no trânsito, nos ambientes de trabalho, nos apartamentos, ouvir o sabiá é um pouco acercar-se do nirvana.
O sabiá é o cantor da primavera. Eu andava saudoso da bela música desse querido artista. A minha rua - singela ruazinha - sabe bem acolher os pássaros em suas árvores e vãos de telhado.
O ar está irrespirável no planeta. Pela queima de combustíveis e das florestas. Pelos profundos conflitos. Ninguém se entende e há poderosos fazendo o possível para confundir e piorar as coisas. O contingente humano em estado de sofrimento e precariedade é inumerável.
Ouvir o sabiá, nesta antiutopia, alivia a alma. Sinto uma felicidade que nem sei explicar. Uma dádiva. A vida perto do amanhecer.
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