Jorge Finatto
photo: jfinatto |
Só agora me dou conta de que as QUARESMEIRAS explodiram em lilases, rosas e brancos, anunciando a chegada do outono e o advento da Páscoa. A nova estação chega cheia de significados
(fala de Ressurreição e de urgentes renascimentos).
As flores das quaresmeiras têm tudo a ver com sentimento claro, respirar limpo, passar distante da morte.
É o que eu sinto e penso nesse instante vendo-as vibrar na claridade, apesar da densa sombra que se abate sobre o Brasil e o mundo
(o bicho invisível e coroado nos remete aos confins do isolamento).
Estamos perplexos, temerosos, impotentes, diante da realidade que nos assola. As ruas estão vazias.
Um estranho silêncio percorre a cidade.
Um estranho silêncio percorre a cidade.
O bicho é pequeno, intocável, inodoro, inaudível, mas é suficiente para danar a minha/nossa vida. Capaz de sugar nossa alegria, nosso trabalho, nossa paz, nosso sangue, nossos sonhos.
Mas olhando as quaresmeiras em flor, nesta hora e neste lugar (pequeno lugar perdido no planeta: minha casa),
ao menos nesse efêmero instante,
a morte e o desespero não têm nem terão guarida.
ao menos nesse efêmero instante,
a morte e o desespero não têm nem terão guarida.
As flores das quaresmeiras são o oposto da escuridão
(e do abandono)
a delicadeza dos ramos e das pétalas remete a um mundo outro.
(e do abandono)
a delicadeza dos ramos e das pétalas remete a um mundo outro.
Um mundo de recolhimento e silenciosas caminhadas por estradas interiores.
De solidária espera.
Um tempo de quaresma (quarentena, quadragésima).
De esperança num novo renascimento para todos.
De esperança num novo renascimento para todos.
Tempo de resistência
(como sempre)
de atravessar a ponte
(sobre o rio das mortes)
e chegar vivo do outro lado.
(como sempre)
de atravessar a ponte
(sobre o rio das mortes)
e chegar vivo do outro lado.
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