terça-feira, 6 de abril de 2021

Ressuscita-me

 Jorge Finatto

photo: jfinatto


Durar não é viver. Viver não é só durar. É ser um pouco feliz a cada dia. É pedir perdão antes que os laços se cortem para não haver remorsos depois. É abrir o coração antes que as pessoas desapareçam de nossas vidas e só restem nos retratos. Antes que nós sejamos apenas memória para os outros.
É preciso ter uma nova oportunidade para acertar as coisas, os sentimentos. Ver a casa cheia e feliz na Manhã de Páscoa.

Ouvir as conversas, os risos. Mas hoje isto não é possível; quem sabe no ano que vem? Poder ficar em paz no Domingo de Páscoa longe de tanta tristeza.

E levar no coração essa vaga esperança de Ressurreição, como a do Cristo.
Porque uma vida só é pouco.
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Como diz Maiakóvski neste poema que é um grito humano em meio à solidão:
"Não vivi até o fim o meu bocado terrestre.
Sobre a Terra
não vivi o meu bocado de amor.
(...)
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!"
Maiakóvski*
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*O poeta-operário. Antologia poética. Vladímir Maiakóvski. pp. 154-156. Tradução e estudo biográfico de Emílio Carrera Guerra. Cìrculo do Livro S.A., São Paulo, 1991.
photo: jfinatto

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