sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A originalidade na arte

Jorge Adelar Finatto

Quinces, lemons, pears, grapes. Van Gogh, 1887, Van Gogh Museum
 
Estive pensando sobre o que me fascina na obra de certos artistas e escritores. Van Gogh, por exemplo, já que tenho falado nele nos últimos tempos.

Na pintura que ilustra este texto (Marmelos, limões, peras e uvas, de 1887), o artista não se resumiu ao espaço da tela, transbordou a imagem para a moldura como se quisesse prolongar ao infinito a felicidade do ato criador.
 
E cheguei a uma singela conclusão ou, melhor dizendo, a uma intuição. Descobri que o que me encanta nas suas obras não são as pessoas, os objetos ou as paisagens que ele retratou.
 
Não é aquilo que os olhos do pintor viram, mas sim como a alma de Van Gogh os traduziu. O motivo da pintura é secundário.
 
O que realmente me interessa e seduz é como o artista sentiu e pensou esse motivo.
 
Aquele cenário, aquele rosto, aquele objeto animado ou inanimado só têm relevância porque foram apreendidos e transformados em arte pelo traço revelador de Van Gogh. E o que ele nos revela?
 
Revela a interioridade do pintor diante da tela, os seus sentimentos, a sua visão de mundo, o seu lirismo, a sua tristeza. Revela tudo o que a vida fez com ele até aquele momento, e como ele reagiu diante dos sofrimentos (muitos) e venturas (poucas).
 
Os frutos de Van Gogh não se parecem a quaisquer outros já pintados. Assim os seus girassóis, as suas árvores, os seus jardins, as suas estrelas, as suas casas, as suas pontes, as suas nuvens e campos. Tudo que fez é único. Somente ele, e ninguém mais, poderia ter realizado aquela obra. A isso podemos chamar originalidade, o modo pessoal e intransferível.
 
Essa característica, a singularidade, se faz presente nas obras dos grandes artistas e escritores. É a impressão digital do autor que nos marca. Em alguns, essa marca é mais sentida do que em outros.

Um quadro de Van Gogh é reconhecível à primeira vista em qualquer lugar do universo, destaca-se como o sol, tal a sua força expressiva. Da mesma forma que um texto de Guimarães Rosa. São inconfundíveis. E belos. E a pintura e a literatura são melhores porque eles existiram.

Ser original significa encontrar a própria voz. Não para ser diferente dos outros e aparecer mais do que eles, mas para ser igual a si mesmo. E, sendo aquilo que se é, dar o seu melhor, seja qual for a atividade.
 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A escada

Jorge Adelar Finatto
 
photo: j.finatto, 2007.
 
A explosão e a subversão das cores e das formas, na pintura, foi ele quem inventou. Nunca antes o amarelo foi tão belo nem as outras cores tão livres e entusiasmantes. Nunca alguém pintara assim antes dele. Precisou Vincent Willem Van Gogh (1853 - 1890) vir ao mundo para nos dar essa alegria e essa liberdade. Isso só já justificaria plenamente sua existência (viveu apenas 37 anos).

Mas fez mais: foi um poeta e um pensador profundo no meio da tempestade que foi sua vida. Além da pintura, leu muitos autores importantes da época e escreveu com uma impressionante clareza e desenvoltura sobre temas como solidão, arte, morte e Deus, conforme vemos no livro de suas cartas ao irmão Theo. Conhecia a Bíblia de perto.

Terá sido, a par disso, uma pessoa de muito difícil convivência, com temperamento forte e impositivo. Em parte devido aos traumas familiares, às dificuldades de realizar sua obra e à escassez de afeto das pessoas com quem conviveu.

No fundamental, no mais secreto de si, um homem de coração sensível, cheio de ternura, bondade e vontade de ser feliz. Como artista, foi um gênio que se construiu a duras penas em meio à pobreza.
 
Sua vida foi sofrimento e incompreensão. Mas seu espírito só nos legou beleza (mais de 800 pinturas em menos de 10 anos de produção). Van Gogh, do alto de sua angústia e de seu gênio, foi um mistério.
 
Nos últimos dias de vida (em torno de 70), na pequena Auvers-sur-Oise, distante cerca de 40 km de Paris, mais ou menos a uma hora de trem atualmente devido ao traçado da estrada de ferro, pintou com profusão.

Estive mais de uma vez naquela cidade e visitei seu obscuro quarto no Auberge Ravoux, estalagem na qual viveu aqueles dias,  e onde acabou sendo velado sobre uma mesa de bilhar, após morrer em circunstâncias até hoje pouco esclarecidas.

A escada sombria da photo acima (que leva até o melancólico quartinho sem janela, apenas com uma clarabóia) é a visão material e simbólica do quão difíceis e solitários foram seus caminhos.

photo: j.finatto, 2007. o último quarto

A arte foi a verdadeira escada que o retirou do negro calabouço e lhe proporcionou a alguma felicidade que teve em sua rápida passagem pela vida. Todo seu amor se concentrou na sua obra e na pessoa do irmão mais novo Theo, que o sustentou. Devastado com a morte do amado Vincent, seis meses depois Theo veio a morrer. Ambos estão enterrados no pequeno cemitério, na parte alta de Auvers, um ao lado do outro. Ali ao lado Van Gogh pintou, dias antes, o magnífico Trigal com Corvos.

Sobre o período em que Van Gogh viveu à margem do rio Oise, publiquei aqui dois textos com diversas imagens, aos quais remeto o leitor.*

Também recomendo o livro Van Gogh, A vida, de Steven Naifeh e Gregory White Smith, publicado em 2012 no Brasil pela Companhia das Letras, com ótima tradução de Denise Bottmann. Um trabalho de fôlego (1095 páginas), ricamente documentado e que lança novas luzes sobre a vida e a obra do gênio holandês. Este livro afasta, por exemplo, a versão do suicídio do artista com base em percuciente análise.

photo: j.finatto, 2007

Duas coisas gostaria de lembrar para finalizar este breve artigo. No livro em questão, é descrita a forma vexatória e às vezes grotesca com que Van Gogh foi tratado por alguns adolescentes de Auvers, que viam nele a figura de um louco desagradável. Faziam coisas para vê-lo atarantado e humilhado. Sua figura chamava a atenção pela roupa desconjuntada, pelos modos esquisitos e por estar sempre vagando com seu equipamento de pintura na jornada diária de trabalho.

Isso me recordou a péssima impressão que tive de alguns jovens locais quando estive pela primeira vez na cidade, em 2002, em pleno Dia de Natal. Ao perceber um turista idoso caminhando pela rua, diante do prédio da prefeitura, um grupo de adolescentes passou a imitá-lo e a zombar dele, sem nenhuma razão (não usava chapéu de palha, não carregava o cavalete nas costas nem tinha roupas muito velhas como Vincent). Vendo a situação, fui para o lado do cidadão e comecei a conversar com ele, enquanto olhava para os adolescentes, que, diante disso, acabaram desistindo da zombaria. Estranhei muito aquele comportamento gratuito e agressivo.

Sempre entendi que Deus se comunica com a humanidade através da obra de Van Gogh (como, em geral, penso que acontece com os grandes artistas). Vincent chegou a cogitar alguma vez em desistir do trabalho e tentar ser um pouco feliz num outro tipo de vida, tal a miséria material e o isolamento que o acompanharam. Mas seguiu em frente.

Ele acalentava, em meio às mil provações, a idéia de uma outra vida além desta, que possibilitasse um recomeço, uma segunda chance, um mundo onde poderia se libertar da "estupidez vazia e da tortura sem sentido da vida", como se lê nas páginas 997/998 do referido livro. Para encerrar, esta passagem tão bela quanto visceral:

"Sinto cada vez mais que não devemos julgar Deus a partir deste mundo. É apenas um estudo que não saiu. O que você pode fazer com um estudo que deu errado? - se você gosta do artista, não encontra muito o que criticar - refreia a língua. Mas você tem o direito de pedir algo melhor". (pág. 998)

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*O último quarto de Van Gogh (The last bredroom of Van Gogh):
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2009/12/o-ultimo-quarto-de-van-gogh.html

O silêncio de Van Gogh (The silence of Van Gogh):
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2013/12/o-silencio-de-van-gogh.html

Van Gogh Museum, Amsterdam:
http://www.vangoghmuseum.nl/en

domingo, 14 de setembro de 2014

Aos que dizem que tudo é possível

Jorge Adelar Finatto
 
photo: j.finatto

 
Aos que dizem que tudo é possível, eu digo sim, tudo pode via a ser. Mas que venha logo, sem demora, sem mentiras, que desperte, enfim, a luminosa manhã.

A treva tomou conta do Brasil, da cidade, da minha rua, entrou na minha casa.

Fugir pra onde? Se tudo em volta suspira e dói.

Se tudo é possível, que venham as pequenas alegrias, as inesperadas ternuras, os abraços escondidos, as urgentes mudanças, as mãos dadas.

Se tudo é possível, um casal dançará um fado rasgado em plena calle deserta.
 
Se tudo é possível, abrirei o guarda-chuva e sairei pela noite em busca de açucenas em setembro pra deixar na tua porta.

E se tudo for mesmo possível, vamos enfrentar o problema do medo de viver e de abraçar o nosso irmão

(a morte, essa coisa numerosa e fria, está em toda parte e não faz mais espanto).

Dizem eles que tudo é possível.

Que venha então depressa essa ventura.

Que não nos falte mais o amanhecer dos corações.

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Texto revisto, publicado antes em 28 de abril, 2011.

sábado, 13 de setembro de 2014

Van Gogh Museum e o poema inspirado em Van Gogh

Jorge Adelar Finatto

Clicar sobre a imagem

ONTEM, sexta-feira, a página de facebook do Museu Van Gogh, de Amsterdam, publicou o meu poema Composição, que tem Van Gogh como personagem. O texto é uma homenagem e uma afirmação de amor à pintura. 
 
O museu não só publicou o poema como o ilustrou com uma linda pintura do mestre holandês que eu não conhecia!* Composição faz parte do livro O Fazedor de Auroras, publicado pelo Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul em 1990.
 
Foi, como podem imaginar, uma gratíssima surpresa e uma cálida emoção para este bardo discreto que habita tão longe da Holanda, nos Campos de Cima do Esquecimento. Quem ama Van Gogh deve visitar um dia o belo Van Gogh Museum, que reúne o acervo mais completo e impressionante do genial artista.
 
Espero retornar em breve para uma visita de pelo menos dois dias e para agradecer pessoalmente. O atendimento é excelente e tudo é muito bom, inclusive o café e a loja de souvenirs.
 
Por força da publicação do poema na página do museu, em poucas horas o texto passou a ocupar o primeiro lugar entre os mais lidos aqui no blog. Quem quiser conferir, este é o link:
 
*Trata-se da obra Jardin de Saint-Paul-de-Mausole, de 1889, que retrata o jardim do hospital onde esteve entre maio de 1889 e maio de 1890, em períodos intermitentes, e no qual possuía um ateliê. A imagem reflete a visão desde a janela deste.
 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O segredo dos pássaros

Jorge Adelar Finatto

photo: j.finatto, 10.9.2014
 
Se outra vida houvesse além dessa (e se eu acreditasse em reencarnação), na próxima existência eu queria ser pássaro.
 
Os pássaros voam e cantam. Têm cores vivas, pinturas incríveis espalhadas pelo corpo. Como se não bastasse, fazem lindos e cálidos ninhos para morar. Habitam nas árvores, sótãos, telhados, muros, rochedos. Não têm senhorio a sugar-lhes o sono e o sangue.
 
Vivem o instante que cantam e não têm consciência do tempo que passa. Não têm, por isso, os pássaros, a dolorosa e trágica perspectiva de quem navega na canoa em direção ao precipício.

Os antigos navegadores sempre tiveram razão: no fim do mundo tem um abismo imenso e intransponível para o qual correm todas as águas...
 
Agora passam duas gralhas azuis voando diante da minha janela, no horizonte das montanhas e pinheiros.

Na árvore em frente (um jovem pinheiro-bravo), a pequena saíra (todas as cores) enfeita a tarde e afasta a visão do perau.
 
O voo-canto dos pássaros enche o vazio. Com tão pouco se constrói a leveza.
 
Só sei que essa presença amiga alimenta o meu coração. Por um momento, esqueço as dores da vida. Bem-hajam!
 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Depois de tudo

Jorge Adelar Finatto

photo: j.finatto

 
Depois de tudo ele quer só um banho. Não o tagarela e desajeitado das enfermeiras. Anseia um banho demorado, com direito de ficar só, recolhido, senhor de seus domínios.

Durante o tempo em que esteve longe do mundo e do próprio corpo, viajando na nuvem de morfina, sonhava sentar debaixo de uma cachoeira e ali ficar um dia inteiro sentindo a água cair.

Havia muitas árvores nesse lugar, camélias brancas e vermelhas, pássaros, um ar carregado de fragrância de mato, bom de respirar. Havia também uma mesa larga e comprida, onde gente da família e amigos se reuniam para o café da tarde.

Até os desaparecidos se chegavam na mesa para conversar com ele. Até mesmo o pai, imemorial ausência, surgiu no sonho e o abraçou calidamente, como nunca antes fizera.

Reencontrou o córrego da infância, entre os pinheiros. Caminhou descalço sobre os seixos, olhou o movimento ligeiro e colorido dos peixes na água. Recordou o jeito da saíra entrar e sair do ninho. A suave luz de maio a tudo envolvia.

Agora está de novo em seus domínios, o hospital ficou pra trás. Embaixo do chuveiro, a água morna escorrendo na cabeça, no corpo, ninguém pra segurá-lo, virá-lo dum lado pra outro feito joão-bobo.

Sob a água, sentindo os seixos nos pés, o vento macio na face, os peixes luminosos, as conversas na mesa larga dos afetos, ele celebra a dádiva de estar vivo. 
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Texto publicado em 1º de julho, 2010.
 

domingo, 7 de setembro de 2014

Viaje alrededor del tiempo

Jorge Adelar Finatto

 
O TEMPO é um mistério que não se deixa desvelar. Desde que o primeiro homem e a primeira mulher foram expulsos do paraíso, onde tinham vida eterna, a passagem do tempo passou a ocupar o núcleo das atenções, perdendo apenas para a luta pela sobrevivência.

Entender o tempo e procurar dominá-lo, para quem é mortal, é uma obsessão.
 
Segundo o dicionário Aurélio, o tempo é a sucessão dos anos, dos dias, das horas, etc., que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro.
 
A natureza do tempo, contudo, está longe de ser domesticada. Tem sido tema número um de estudos e imaginação para filósofos, cientistas, poetas, artistas e livres-pensadores em geral. Apesar disso, ninguém conseguiu até hoje estabelecer um conceito plausível.

Não há resposta para esta questão tão cotidiana quanto insondável: o que é o tempo?
 
A idéia de que o tempo flui continuamente em direção ao futuro (fluxo do tempo) e de que o presente é a única coisa real é o princípio melhor assimilado pela maioria das pessoas. Para os físicos, porém, o tempo simplesmente não flui, ele apenas é. Há filósofos que afirmam que o fluir do tempo se baseia numa falsa concepção.¹ Albert Einstein assim se expressou: O passado, o presente e o futuro são apenas ilusões, mesmo que teimosas
 
Uma corrente entende que o tempo existe de forma estendida, isto é, passado, presente e futuro coexistem simultaneamente, como uma paisagem em que o conjuto de objetos visuais se apresenta ao mesmo tempo aos olhos do observador.
 
É o que chamam de teoria do bloco de tempo (block time). Esta noção está ligada à escola filosófica conhecida como eternalismo, a qual considera que o universo é dotado de quatro dimensões. De tal forma, passado, presente e futuro seriam igualmente reais. Toda a eternidade está estendida num bloco quadridimensional composto de tempo e três dimensões espaciais. ³
 
É como caminhar na bruma tratar desse assunto. Como andar sobre a corda estendida entre dois edifícios, feito um funâmbulo.

O tempo, penso eu na minha vã filosofia, é bem diferente na vida de uma estrela, se comparado ao tempo de uma borboleta. Para a borboleta, a migalha de um segundo faz diferença em sua breve existência (entre duas semanas e um mês, em média). Ao passo que um ano dos nossos, na vida da estrela Vega, por exemplo, nada significa (ela, que é uma estrela nova, tem cerca de 455 milhões de anos e muitos, muitos mais pela frente...).
 
O tempo que interessa para nós, patéticos mortais, é o que tem a ver com a vida humana. Daí a acolhida, entre nós, da noção de fluxo do tempo.

Tempo urgente, tempo transitório, tempo finito, tempo que escapa entre os dedos. Será talvez impossível chegarmos a uma visão absoluta do tempo diante da nossa condição. Não temos distanciamento crítico, somos prisioneiros do efêmero. Em outras palavras, somos parte do enigma.

Uma vez cheguei a considerar o tempo como inexistente, na esteira do pensamento de uma parcela dos físicos. Seria uma criação humana feita para medir a duração de fatos, acontecimentos, anos de vida, horas de descanso, períodos de trabalho, estudo, medição sem a qual a vida seria caótica nos padrões da nossa civilização. Por isso inventamos relógios de pulso, de parede, de sol, atômicos, clepsidras, ampulhetas, etc.
 
O que haveria, nessa visão singela, é uma contínua modificação da matéria. No caso dos seres vivos, estas alterações aconteceriam desde a concepção até a morte. O tempo não existiria como uma realidade autônoma, mas relativa. A idéia de fluxo de tempo perderia o sentido com a eliminação da morte, por exemplo. Mas não passei dessas abstrações de fundo de quintal.

Nessa viagem ao redor do tempo, creio que os poetas se aproximam melhor do imbróglio do que os cientistas e filósofos.

O tempo é uma viagem, o voo de um pássaro, o movimento do rio, a asa da borboleta acariciando o ar, o risco de uma estrela cadente, o pulsar de um vaga-lume. O resto é estranhamento, dúvida, perplexidade.

O mistério continua.

Vai saber por que eu tirei o domingo pra pensar no tempo, em vez de sair por aí aspirando os aromas inaugurais da primavera nos Campos de Cima do Esquecimento. Pois é o que vou fazer agora, enquanto ainda há dia lá fora.

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¹-²-³ Biblioteca Scientific American Brasil, vol. 3. Enigmas do Espaço-Tempo. Ediouro Duetto Editorial Ltda., São Paulo, 2013. O fluxo misterioso. Artigo de Paul Davies, págs. 9 e 10.

Photo de relógio reproduzida da internet. O crédito da imagem será dado tão logo conhecida a autoria.