segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Miragem no caminho

 Jorge Finatto

Livraria Miragem. photos: jfinatto



Livraria Miragem, São Francisco de Paula, Campos de Cima da Serra. Um lugar encantador pra quem ama livros e busca distanciamento da insuportável realidade brasileira. Além do bom acervo de literatura, artesanato e objetos de arte, pode-se olhar tudo com calma nos 3 andares do bonito casarão. Sem pressa, sem multidão, com direito a momentos de boa solidão entre as estantes. Lá estive ontem com o querido filho Lorenzo, passando algumas horas longe dos meus indefectíveis fantasmas. Comprei "Outras Cores", excelente livro de Orhan Pamuk.

Livraria Miragem. 


Perguntaram-me o que eu mais quero em 2022. Eu quero continuar caminhando entre os pinheiros por essas estradas de chão batido, bebendo nos córregos, levando alguns livros no alforje, a luneta e a bússula. O chapéu de palha coberto de sol de dia e de sereno e estrelas à noite junto ao fogo. Voltei aos 17 como na bela canção de Violeta Parra.

Serra gaúcha. 

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Arranjo floral

 Jorge Finatto

photo: jfinatto, dez. 2021



Arranjo floral pra 2022.
É preciso cultivar pra colher.
Quem tem um jardim tem um mundo.
No caminho, pelejando sempre.
Feliz 2022!

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

A fé, sem obras, está morta

 Jorge Finatto

photo: jfinatto

"De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Será que essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã não tem o que vestir nem alimento suficiente para o dia, e um de vocês lhe diz: 'Vá em paz; mantenha-se aquecido e bem alimentado', mas não lhe dá o que ele necessita para o corpo, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, sem obras, está morta."

Tiago 2:14-17

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

O homem e o rio

 Jorge Finatto


Passeio sobre prancha, no Guaíba, diante da Fundação Iberê Camargo.
photo: j.finatto
 
Devia ser eu em cima daquela prancha (stand up), deslizando sobre as águas do Guaíba. Na verdade, acho que era eu. Sentia o cheiro adocicado do rio enquanto glissava de pé sobre a superfície azulada, cortando pequenas ondas em direção ao sul.

Se não era eu, como explicar o toque do vento batendo no meu rosto, aquela sensação de liberdade?

Tinha de ser eu. Pelo menos era o que imaginava, sentado no café da Fundação Iberê Camargo, diante do Guaíba.

Um sentimento de felicidade por estar ali, mergulhado naquela aquarela. A vista da cidade desde o ponto ondulante era de não esquecer.


Porto Alegre vista de uma janela da FIC
photo: j.finatto

Devia ser eu naquela prancha, orientando o remo, olhando a face fugidia da cidade.

A tarde de sol cálido convidava pra ser feliz.



Beira rio. photo: j.finatto
 
O homem da prancha desafia a lógica da cidade, que é ficar de costas para o rio. O homem da prancha vem nos lembrar que existe um rio e que é bom manter contato físico com as águas. O homem da prancha desperta em nós, que estamos à margem, a vontade de deixar o rio fazer parte de nossas vidas.

Diante do Guaíba, perto do entardecer, esse momento é um convite ao pensamento criativo, ao olhar interior, à integração com a cidade e seu ambiente, à construção de sentidos.

Viver é agora.



Árvore diante da FIC, na beira do Guaíba.
photo: j.finatto

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Iberê Camargo:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2012/03/ibere-camargo-e-escrita-da-

domingo, 12 de dezembro de 2021

O trem chegou

 Jorge Finatto

photos: jfinatto. Canela



O trem chegou.

Acabou de chegar.

Trouxe malas e baús de saudades.

Chegou o trem, veio de muito longe.

Trouxe gente que não podia mais esperar.




quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Um dia após o outro

 Jorge Finatto

Velha Bruxa, Canela.foto: jfinatto

Nada como um café após o outro
um chocolate após o outro
um livro após o outro
um abraço após o outro

a gente nunca
se cansa de viver
de se reinventar
de amar
viver é sempre o eterno
despertar
para longe da escuridão
e do medo
viver por tudo
e apesar de tudo
puco importam
as cicatrizes
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Café da Velha Bruxa, Canela.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Flamboyant visto da janela

Jorge Finatto 

photo: jfinatto. nov. 2021


Tem dias que nada me inspira quando estou em Porto Alegre. Não vou ao café nem à praça. Fico no escritório trabalhando, como hoje, ouvindo o Concierto de Aranjuez e outras dádivas de Joaquín Rodrigo.

Às vezes vou até a janela onde vislumbro a imagem consoladora desse flamboyant na calçada. Ele me mostra que há vida e há esperança na cidade grande. Dádiva na treva urbana.

Muita gente passa por ali e nem percebe.

Então eu acho que sou um cara de sorte por sentir a presença e a inspiração que vem do querido flamboyant.