Jorge Adelar Finatto
Da minha janela eu vejo a rua. A rua é um pedaço do mundo. É só uma rua entre tantas.
O mundo é um rio largo e fundo. O tempo das folhas secas cessou. A claridade de setembro invade a sombra.
O mundo é um rio largo e fundo. O tempo das folhas secas cessou. A claridade de setembro invade a sombra.
Escuto na calçada o som de passos que vêm de muito longe. Mas não há ninguém lá fora nessa hora erma. O vento sacode as folhas nas árvores.
A carroça cheia de flores dobra a esquina, para no meio da quadra, debaixo do poste de luz. Na manhã que se aproxima, as pessoas encontrarão a carga suave e perfumada.
Enquanto escrevo, coisas luminosas acontecem em silêncio. Da janela observo esse ponto pequeno e obscuro do universo, que chamo minha rua, onde todos agora dormem. Mãos desfalecidas nada podem segurar.
Nenhum grito assola a hora nua. O sonho levanta do escuro.
Nenhum grito assola a hora nua. O sonho levanta do escuro.
Os sapatos da primavera cantam na calçada.
Foto: J. Finatto
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