quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A caixa do mágico


Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto. saudade de Passo dos Ausentes


Tão divagado, tão ermo, tão falto de poder.

Um bardo não devia sair por aí numa hora dessas.  A temerária cidade e seus perigosos caminhos.

Alguém falou que é tarde demais, a utopia afundou, o encanto acabou, é melhor desistir dos sonhos.

Eu sei que é madrugada, faz frio, setembro dobra a esquina e quase tudo está perdido.

Trago a poesia na caixa de mágico.

Por isso abri o guarda-chuva e atravessei o medo da cidade. Por isso fugi da escura casa. Por isso, pra não secar o rio dentro de mim, estou aqui perto da tua ausência.

Para ir ao teu encontro escolhi as melhores palavras no livro dos espantos. Nessa longínqua hora. 

Carrego um lírio numa mão e o chapéu cheio de pássaros na outra. Eles não param de sair.

Os meus pássaros voam para ti e em teu nome levantam o róseo véu da aurora.


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