Jorge Adelar Finatto
2 horas da manhã. Nenhum cochilo. Ele vara a escuridão com os olhos ora abertos, ora fechados.
Está ocupado ruminando ausências no escuro.
De repente, entra pelo quarto, através de veneziana, uma aragem, um certo aroma.
Ouve os passos da primavera, lá fora, na calçada. Ela caminha como uma jovem mulher, senhora do mundo, espalhando beleza, desejo e vida.
Ele toca com a ponta dos dedos os óculos, na mesinha de cabeceira. Quer ir até a janela vê-la passar na sua calada rua.
O som dos passos diminui até cessar. Ele desiste de levantar. A cama está quente, ainda faz frio, amanhã é dia de trabalho. Em silêncio, agradece a Deus por outra primavera.
Sabe que vive um tempo raro, delicado. Como a pele das rosas.
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