quinta-feira, 11 de abril de 2013

Encher o chapéu com folhas de outono

Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto
 
 
Escolhi esta tarde cinzenta pra caminhar por caminhos de silêncio e folhas arrastadas no chão. O coração quis fugir da sala fechada e da tristeza dos últimos dias.

Fui respirar um pouco do ar transparente de abril. Desapareci entre as árvores na distância como quem desaparece ao penetrar numa luminosa aquarela.
 
O silêncio só era cortado aqui e ali pela voz de algum pássaro ou pelo rumor das folhas dos plátanos na passagem do vento.
 
Uma paisagem fora do tempo. Um território só sentimento. Um instante longe da dor, perambulando nos Campos de Cima do Esquecimento.


photo: j.finatto
 
 
A bordo do chapéu de palha e dos óculos de fundo de garrafa lá me fui, misturado nas cores outonais como quem vai em busca da urgente seiva pra continuar vivo. 
 
Tem dias em que é preciso estancar a ampulheta e sair por aí numa tarde cinzenta.

Encher o chapéu com as folhas do outono, e andar, andar e andar pela aquarela até flutuar sobre os telhados e sobre a copa das nuvens.
  

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