Jorge Adelar Finatto
photo de joaninha: Wikipédia. Autor: Jon Sullivan (PD-PDphoto.org] |
Quem viu alguma vez uma joaninha caminhando na página de um
livro ou sobre uma folha verde sabe do que estou falando.
É o acontecimento mais importante do universo.
É o acontecimento mais importante do universo.
Nenhuma literatura, nenhum cinema, nenhuma
filosofia do mundo valem os passos da joaninha. Só que pouca gente percebe o
engenho e a arte por trás da construção e da vida da frágil joaninha.
Existem muitos outros assuntos importantes para se
tratar, está bem. Um escritor-fotógrafo a sério não devia ignorar
isso. Tudo bem. O fato, contudo, é que me encanto com os farelos do mundo, com
a coisa pouca ou nenhuma que somos. Com um raio de sol na parede ou caído
dentro de um copo dágua sobre a mesa.
As coisas pequenas me atraem, me cativam, me
elevam. As outras me enfadam, quando não revoltam. Encontro beleza e claridade
nos fanicos da existência.
Tudo que é breve e pequeno se parece com ser humano e com estar vivo e ser transitório, e isso me interessa sobretudo.
Tudo que é breve e pequeno se parece com ser humano e com estar vivo e ser transitório, e isso me interessa sobretudo.
Os verdadeiros e últimos sentidos habitam muito além das aparências, é assim que eu vejo. E o que eu mais enxergo, quando penso profundamente na vida, é a pequenina joaninha.
O mundo silencioso das migalhas me é, por isso,
muito caro e diz muito mais sobre o que nós somos - ou o que sou eu, ao menos -
do que um tratado ontológico. Quando perdemos a capacidade de expressar o que
sentimos, é como se perdêssemos a vida.
Deus nos livre e guarde.
Deus nos livre e guarde.
Na arte, ao
menos, podemos voar, sonhar, levitar acima dos mausoléus e crematórios
existenciais. Mas sei também que ninguém pode viver entre nuvens.
Deve haver um caminho de passagem entre as farfalhas da vida e a copa das
estrelas; entre a imensidão da Via Láctea e os passos humildes e comoventes da
joaninha.
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Texto revisto, publicado antes em 25/11/2012.
Lembro das joaninhas da minha infância. Gostava de coloca-las do lado esquerdo da blusa, como um broche. Mas por falar em farelos do mundo, hoje entrei em uma loja de pisos (estou realizando o sonho de construir uma casinha rural). O vendedor me chamou: Tenho uma linha classe "A" para lhe mostrar. Esse preço popular que a senhora está olhando já está fora de linha. Espera, respondi, é comigo mesmo, faço parte desta faixa. No final saí da loja satisfeita, penso que comprei beleza e qualidade "ultrapassadas" a precinho popular.
ResponderExcluirQue a casa de campo traga momentos de felicidade junto à família, amigos e natureza. Um abraço.
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