Jorge Finatto
Série Umbrelas. Jorge Finatto |
O guarda-chuva é o melhor amigo do homem, junto com o cão. Ambos vêm depois, claro, do ser humano, este sim o primeiro e verdadeiro melhor amigo do homem, embora alguns tenham dúvida sobre isto.
Um sujeito desamparado e solitário encontrará sempre no guarda-chuva um companheiro valente e leal nas intempéries da vida.
Aqui em Passo dos Ausentes, as umbrelas são tão consideradas que ganharam uma grande escultura na Praça da Ausência, a mais importante (e única, aliás) da cidade.
Lembro, a propósito, que Oscar Wilde esteve em nossa aldeia esquecida especialmente para encomendar guarda-chuvas de nossos mestres umbeleiros. Veio para ficar poucos dias, e demorou-se por 40 amanheceres!
Os guarda-chuvas que levou (Wilde era colecionador), com suas iniciais marcadas no cabo de osso de anta âmbar, o acompanharam até o triste fim de seus dias, num pobre quarto de hotel, na Rue des Beaux Arts, 13, em Paris, não distante do Sena. Tão pobre que o teria levado a dizer, pouco antes de morrer: ou sai esse papel (horrível) de parede ou saio eu. Deixou muitas saudades, carinhos e bilhetes entre nós.
Os guarda-chuvas que levou (Wilde era colecionador), com suas iniciais marcadas no cabo de osso de anta âmbar, o acompanharam até o triste fim de seus dias, num pobre quarto de hotel, na Rue des Beaux Arts, 13, em Paris, não distante do Sena. Tão pobre que o teria levado a dizer, pouco antes de morrer: ou sai esse papel (horrível) de parede ou saio eu. Deixou muitas saudades, carinhos e bilhetes entre nós.
Objetos antiquíssimos, os chapéus de chuva têm uma dimensão onírica e simbólica. Podem significar proteção durante a travessia das dificuldades que a existência nos impõe. E um voo sobre os abismos da indiferença e da solidão. Além, é claro, da função primordial de abrigar-nos da chuva, da bruma líquida e do sol forte.
Tenho por eles, como todo ausentino, um afeto imemorial que remonta aos tempos do Dilúvio e que chegou até nós atravessando gerações.
No Café do Porto, em janeiro de 2016, expus a minha série Umbrelas, ao lado da outra, Visões da Serra. Duas em uma. Vejam o que disse, por e-mail, o poeta e amigo Ricardo Mainieri, após visitar a exposição:
Uma coisa chamou-me, logo, a atenção: as cores. Seja nas paisagens serranas, onde existem nuances de meios-tons, seja nas expressivas "umbrelas" tresloucadamente voando no céu.
Também é visível uma atmosfera de solidão e transcendência nas imagens da Serra e uma discreta alegria nas sombrinhas voadoras.
Pessoalmente, gostei mais das paisagens solitárias de nosso bioma interior. Elas me evocam um momento de reflexão e espiritualidade. Parabéns pela exposição.
Também é visível uma atmosfera de solidão e transcendência nas imagens da Serra e uma discreta alegria nas sombrinhas voadoras.
Pessoalmente, gostei mais das paisagens solitárias de nosso bioma interior. Elas me evocam um momento de reflexão e espiritualidade. Parabéns pela exposição.
O que pretendo com minhas fotografias? Passar um pouco de beleza e, talvez, felicidade para as pessoas, num momento tão difícil como o que vivemos. Um instante de leveza, luz natural, cor, ar fresco e poesia, elementos que habitam as coisas simples, os Fanicos & Farfalhas do mundo.
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Oscar Wilde em Passo dos Ausentes:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2014/03/oscar-wilde-em-passo-dos-ausentes.html
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Oscar Wilde em Passo dos Ausentes:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2014/03/oscar-wilde-em-passo-dos-ausentes.html
Muitíssimo obrigado, Adelar, pela citação. Estou de volta à Porto Alegre e pude, agora, observar este sensível texto. Como digo em um poema: "as pessoas de coração sensível/se reconhecem pela intuição". E ela, a intuição, que nos faz ver coisas além dos olhos. Abraço.
ResponderExcluirÉ preciso ver além do olhar. Tocaste no ponto, Ricardo. Um grande abraço.
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