Jorge Finatto
photo: Clara Finatto. Canela/RS |
Na tarde de neblina e frio desta instável primavera, o beija-flor cisma.
Pensando na vidinha, no galho pensador, ele faz uma pausa. Que ninguém é de ferro.
Fica um tempo, dá uma saída e depois volta. Não se incomoda que o observem da janela. Tampouco que abelhudos lhe façam fotos. Há um pote com líquido de néctar no galho ao lado que muito o agrada. E não só a ele: tem irmãos ou amigos que vêm ali toda hora todos os dias.
No que estará pensando?
Há de ter lá os seus compromissos o beija-flor, uma casa pra voltar, filhos pra criar, contas a pagar, preocupações de quem vive neste mundo de Deus.
Mas, nesse momento, ele precisa ficar sozinho e em silêncio. Precisa disso pra saber quem ele é.
Porque, às vezes, na dura faina da sobrevivência, a gente esquece quem é.
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