segunda-feira, 14 de outubro de 2019
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
Carlos Lyra e Wanda Sá
Assisti à apresentação do compositor e cantor Carlos Lyra e da violonista e cantora Wanda Sá no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, na quarta passada (02/10). Ele com 86 anos, ela com 75. Lyra está na origem da Bossa Nova, nos anos 60, autor de clássicos como Se é tarde me perdoa, Maria ninguém, Quem quiser encontrar o amor e Coisa mais linda, entre tantos. Wanda Sá participou do movimento ao lado de grandes nomes.
Chamou a atenção a faixa etária da assistência, na maioria pessoas idosas. Fiquei na dúvida: será que os jovens não se interessam por Bossa Nova? Outra: existe clima para o lirismo, a suavidade e a beleza da Bossa Nova na realidade brasileira atual?
Pode ser que a explicação esteja, também, em parte, no preço dos ingressos, média de cento e oitenta reais a plateia (bastante salgado nesses tempos).
Enfim, um momento inesquecível de reencontro com a música brasileira. Ver Carlos Lyra em plena atividade, com seu talento e seu charme, é encorajador, o mesmo podendo ser dito de Wanda. Que continuem seus shows pelo país para que os jovens saibam que o Brasil já foi mais feliz a ponto de produzir músicas como as da Bossa Nova.
sábado, 5 de outubro de 2019
Lançamento do livro de crônicas
Jorge Finatto
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Cartaz de divulgação: Emily M. Borges, Ajuris. |
No dia 28 de novembro próximo, às 19h, na Escola Superior da Magistratura, em Porto Alegre, vou lançar o livro de crônicas Navegador de barco de papel.
Convido todos a embarcar comigo nesta viagem. Vamos dar uma volta pelo Guaíba e pela Via Láctea a bordo do barquinho.
Afinal, imaginar não custa nada, e sonhar é um dever.
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
Um dirigível pras estrelas
Jorge Finatto
ilustração: Maria Machiavelli |
ESSA MANIA de escrever pra ninguém é mesmo coisa de doido, difícil de compreender, algo que se prestaria a estudos profundos sobre as razões que movem o ser humano.
Escrever para a nuvem, como se faz num blog, é mais ou menos como mandar uma carta para o espaço dentro de uma garrafa. Provavelmente não estaremos aqui para receber a resposta, quando e se vier.
Um arqueólogo da internet, daqui a alguns séculos (ou segundos, do jeito que as coisas andam depressa), escavará a superfície tênue da blogosfera atrás de registros feitos por antigos blogueiros em cavernas virtuais. Talvez encontre este texto.
O fato é que hoje, nestes confins, por força de um gelado outono (ou invencível melancolia), o cronista escreve para a nuvem e não consegue traçar a primeira palavra do texto de amanhã.
Não há leitores à espera destas mal-traçadas. Acho que nem haverá, além dos arqueólogos da internet. As pessoas têm mais o que fazer, vida difícil, tempo escasso, mil livros pra ler, passam bem sem leituras virtuais.
O problema, se é que existe, é do cronista nefelibata, que não encontra a primeira palavra. O tempo é de acender a lanterna em busca do caminho.
As palavras estão hibernando nos dicionários. Inspiração é só um estado de espírito, e escrever é mais do que isso.
Vivemos um tempo de secas esperanças, mas é preciso seguir em frente.
Como tarda amanhecer quando a escuridão é tamanha!
Nessa hora erma e côncava, vou mesmo é sair por aí no meu dirigível amarelo, deslizando entre nuvens, numa viagem pra fora do planeta. Quero ir subindo, subindo, numa longa curvatura de silêncio em direção às estrelas. Carrego comigo um novo calepino (como da primeira vez).
No meu dirigível pras estrelas.
Escrever para a nuvem, como se faz num blog, é mais ou menos como mandar uma carta para o espaço dentro de uma garrafa. Provavelmente não estaremos aqui para receber a resposta, quando e se vier.
Um arqueólogo da internet, daqui a alguns séculos (ou segundos, do jeito que as coisas andam depressa), escavará a superfície tênue da blogosfera atrás de registros feitos por antigos blogueiros em cavernas virtuais. Talvez encontre este texto.
O fato é que hoje, nestes confins, por força de um gelado outono (ou invencível melancolia), o cronista escreve para a nuvem e não consegue traçar a primeira palavra do texto de amanhã.
Não há leitores à espera destas mal-traçadas. Acho que nem haverá, além dos arqueólogos da internet. As pessoas têm mais o que fazer, vida difícil, tempo escasso, mil livros pra ler, passam bem sem leituras virtuais.
O problema, se é que existe, é do cronista nefelibata, que não encontra a primeira palavra. O tempo é de acender a lanterna em busca do caminho.
As palavras estão hibernando nos dicionários. Inspiração é só um estado de espírito, e escrever é mais do que isso.
Vivemos um tempo de secas esperanças, mas é preciso seguir em frente.
Como tarda amanhecer quando a escuridão é tamanha!
Nessa hora erma e côncava, vou mesmo é sair por aí no meu dirigível amarelo, deslizando entre nuvens, numa viagem pra fora do planeta. Quero ir subindo, subindo, numa longa curvatura de silêncio em direção às estrelas. Carrego comigo um novo calepino (como da primeira vez).
No meu dirigível pras estrelas.
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Texto revisto, publicado antes em 13.4.2014.
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Procuro um lugar
Jorge Finatto
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photo: jfinatto |
PROCURO UM LUGAR de silêncio para apascentar a solidão. Um lugar na montanha, bom de estar com um chapéu velho, um capote, o óculos e um livro.
Um lugar pra domesticar o extravio. Longe de tudo, perto de todos.
Habitado por pássaros, flores e um córrego.
Um lugar onde o único rumor do mundo seja o som das asas da borboleta atravessando o bosque.
Habitado por pássaros, flores e um córrego.
Um lugar onde o único rumor do mundo seja o som das asas da borboleta atravessando o bosque.
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Texto revisto, publicado em 8.11.17.
domingo, 22 de setembro de 2019
A primeira primavera
Jorge Finatto
![]() |
photo: jfinatto |
É PRIMAVERA outra vez. Mas, como sempre acontece, é como se fosse a primeira primavera. Faz um dia sólido, adorável, céu azul, 17ºC em Porto Alegre.
A cidade está quase vazia de automóveis em função do feriado. Tornou-se respirável e humana.
A cidade está quase vazia de automóveis em função do feriado. Tornou-se respirável e humana.
O ar transparente, macio. Sinto uma disposição especial de sair por aí, deixando para trás as cinzas do inverno.
Em dias assim vale a pena viver pela eternidade. Que a boa luz ilumine todos os seres e todas as coisas. Que meu coração não esqueça este breve momento de felicidade.
terça-feira, 17 de setembro de 2019
Refúgio
Jorge Finatto
![]() |
photo: jfinatto |
Tudo tão frágil na vida
o mundo inteiro cabe num abraço
Medos povoam a insônia
a chuva lá fora é a infância
com seus tesouros submersos
no navio sem leme nem capitão
do tempo
Melhor me refugiar no teu corpo
fingir que tudo está tranquilo
arranjado e bom
como no útero
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Poema do livro O Fazedor de Auroras. Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.
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