O irmão rio vive dentro do menino. Convivem desde a infância, através da água limpa bebida diretamente da torneira e dos banhos nas tardes claras e quentes de verão nas pequenas praias. Na tarde muito fria e azul do último dia de maio, ele sai a andar pela beira do Guaíba, que é um jeito todo seu de fugir da realidade quando o peso é muito grande.
Existe uma memória afetiva que os irmana. Mais de uma vez ele teve de partir de Porto Alegre para trabalhar e viver em outras cidades. Sempre que pôde, foi ao mapa e escolheu um lugar com porto para ancorar a saudade do irmão.
Existe uma memória afetiva que os irmana. Mais de uma vez ele teve de partir de Porto Alegre para trabalhar e viver em outras cidades. Sempre que pôde, foi ao mapa e escolheu um lugar com porto para ancorar a saudade do irmão.
Ele leva no bolso do casaco o barco de papel construído com a folha de um caderno escolar. A simples visão do rio tem o poder de acalmá-lo e o deixa perto da felicidade ou seja lá como se chama esse sentimento de integração com o mundo.
Ouve o rumor da água batendo na areia e nas pedras - e uma sensação de harmonia o invade. Enfim solta o barco de papel e embarca. Sai pelo Guaíba a navegar, subindo e descendo as ondas, girando suavemente o leme, enquanto a vela amarela se enche de vento. O continente ficou ao largo com a angústia e o irremediável.
Ouve o rumor da água batendo na areia e nas pedras - e uma sensação de harmonia o invade. Enfim solta o barco de papel e embarca. Sai pelo Guaíba a navegar, subindo e descendo as ondas, girando suavemente o leme, enquanto a vela amarela se enche de vento. O continente ficou ao largo com a angústia e o irremediável.
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Foto: J. Finatto