sábado, 30 de janeiro de 2016

Lucerna, für dich

Jorge Finatto

photo. jfinatto, 30/1/2016. Ponte da Capela
 
Lucerna é uma luz transparente se derramando no ar, é a velha Ponte da Capela (Kapellbrücke, de 1332), de madeira, atravessando o lago, com a Torre da Água ao lado, são as montanhas cobertas de neve no entorno azul e branco que emoldura a cidade.

Uma passagem de luz (como diz seu nome), um presente para os olhos e o coração. Um pedaço. Como dizem por aqui, onde se fala o alemão, um lugar für dich (para você).
 
No meio da tarde, ouço uns batuques de tambor e alguns instrumentos de sopro. Vou ver. É um pessoal jovem fazendo seu carnaval na rua. Carnaval de suíço, discretíssimo. Mas as fantasias são ótimas. 

photo: jfinatto, Lucerna, 31/1/2016
 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Viagem a Jungfrau (e a uma cidade secreta)

Jorge Finatto
 
montanha e vale de Jungfrau, Suíça*
 
Como em toda véspera de viagem, há uma ansiedade diante do desconhecido, embora a mala esteja pronta e tudo ou quase tudo esteja planejado. A sequência dos movimentos, como em uma sinfonia, ou num bom samba, está descrita nas páginas brancas do calepino. Mas há espaço para o inesperado e algum improviso.
 
Há algo que escapa ao controle numa viagem, felizmente. Na verdade, o controle é mais ilusório que real. E nisso muitas vezes residem as descobertas e alegrias do viajante. O avião levanta voo à noite. Depois de 11h35min pousa em Zurique. Zurique do Cabaret Voltaire onde nasceu o Dadaísmo há 100 anos, movimento artístico que hoje retorna.
 
Então fui ontem à livraria buscar leitura para as horas entre nuvens até a Suíça. Resolvi comprar outro livro de Oliver Sacks, tal a impressão que me causou seu Gratidão aqui comentado esses dias. Desta vez pesquei da estante O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. Relatos de casos curiosíssimos envolvendo o cérebro humano. Nos ensaios o autor transcende o fato médico, dando-lhe feição literária. Acima de tudo, uma visão humana de pacientes e seus dramas. Para Sacks, o doente é sempre um ser humano e não uma coisa.
 
Levo também Como curar um fanático, de Amós Oz. E a indefectível Coruja (ex-máquina fotográfica, quase um ser humano).
 
No caminho uma parada na montanha de Jungfrau, perto da cidade de Interlaken, onde se situa a mais alta estação ferroviária da Europa Ocidental, a 3.571 metros de altitude.
 
E a visita a um amigo que vive numa cidadezinha alpina quase secreta, cuja população é de 156 almas! Ele me pergunta se eu viveria num lugar assim. Mas é claro. Nada de muito diferente para quem vive em Passo dos Ausentes.
 
Carrego na bagagem olhos de observador ávido e um coração disposto a sentir. Deus vai junto, claro.
 
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*site da photo:
 

sábado, 23 de janeiro de 2016

O salto no perau

Jorge Finatto

photo: jfinatto

A história de voar pendurado num guarda-chuva é muito antiga nos Campos de Cima do Esquecimento. Começou muito antes do livro e do filme de Mary Poppins.

Criou-se entre nós uma modalidade de voo que só existe nessa região do mundo: o salto de guarda-chuva no perau. Acontece há séculos no mês de novembro, com a chegada dos ventos de Finados com sua capacidade de sustentação de objetos voadores.

Os praticantes do salto não são poucos. Dirigem-se ao Belvedere da Ausência com suas umbrelas construídas por mestres na arte de fazer guarda-chuvas flutuantes.

Os umbreleiros verificam então as varetas, a lubrificação das junções, a higidez do material, o tecido e a segurança da estrutura. É necessário apresentar também um atestado de saúde. Uma vez aprovados piloto e objeto, segue-se a  apresentação ao supervisor de rampa para o pulo.

Depois, é só aguardar a autorização e lançar-se no espaço com as duas mãos seguras ao cabo. A flutuação é pra ser suave e dura cerca de 20 minutos até o Campo dos Girassóis no Vale do Olhar. No transcurso o piloto percorre 1,5 km precipício abaixo. Dizem - eu nunca experimentei, não sou louco - dizem que  a visão de quem faz o trajeto é maravilhosa, inesquecível.

Numa aldeia com poucas opções de lazer como a nossa, o salto no perau é certamente uma das atividades mais cultivadas. Além disso, é imemorial o apreço dos ausentinos pelos chapéus-de-chuva. 
 
Entre nós, um guarda-chuva fechado é sinônimo de mau agouro. É como uma pintura de Van Gogh virada contra a parede. É a Gioconda, de Leonardo, sem o famoso sorriso. É Dom Quixote indo sozinho pela estrada sem o Sancho.
 
Ninguém deve andar pela vida sem a proteção física e filosófica de uma umbrela. Nos dias de chuva e tristeza, porque chove e estamos tristes; nos de sol, porque faz sol e viver é o melhor que existe.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Gratidão

Jorge Adelar Finatto
 
Oliver Sacks. photo: Jurgen Frank/Corbis. The Guardian¹ 

Não consigo fingir que não estou com medo. Mas meu sentimento predominante é a gratidão. Amei e fui amado, recebi muito e dei algo em troca, li, viajei, pensei, escrevi. Tive meu intercurso com o mundo, o intercurso especial dos escritores e leitores.
 
Acima de tudo, fui um ser senciente, um animal que pensa, neste belo planeta, e só isso já é um enorme privilégio e uma aventura.²
                                
                                          Oliver Sacks
 
A descoberta do escritor e médico neurologista britânico Oliver Sacks (Londres, 1933 - Nova Yorque, 2015) aconteceu na semana passada. Estava na livraria quando vi na estante seu livro Gratidão. Comecei gostando do título e de sua capa branca, enlaçada com uma linda ilustração em forma de cinta.
 
O formato delicado e as letras de bom tamanho (para quem usa lentes de fundo de garrafa é uma bênção) fizeram com que abrisse e lesse algumas linhas. Foi o quanto bastou para lê-lo de um só fôlego nos dias seguintes, sorvendo cada palavra com calma e meditação. Como passei tanto tempo sem conhecer este autor?
 
Continua em seguida (agora vou sair e dar uma caminhada neste fim de tarde).

Voltei. A obra compõe-se de quatro ensaios publicados originalmente no jornal The New York Times, entre 2013 e 2015, ano de sua morte, em 30 de agosto. Escritos nos últimos dois anos de sua vida, Oliver Sacks reflete sobre a vida, a velhice, a doença terminal e a morte. E o faz com sentimento, lucidez e generosidade, sabendo que estava próximo da maior perda que um ser humano pode experimentar, a própria finitude.
 
Não há melodrama nestas linhas, nem vulgar apelo à emoção do leitor. Mas o autor tampouco sonega seus sentimentos, não tem vergonha deles. Escreve com naturalidade, sinceridade, como se estivesse conversando com as pessoas no sofá de sua casa, a bela casa de sua alma.

São pensamentos de quem sabe que se despede da vida e que, tudo somado, só tem gratidão em suas derradeiras palavras. Não omite a dureza do vivido, mas sente que, acima de tudo, houve troca, gentileza, amor e dádivas recíprocas com seus semelhantes. Viveu e viver valeu a pena.

Com várias obras publicadas, professor emérito em sua especialidade, este cientista-poeta abriu caminhos. O livro Tempo de despertar, de 1973, inspirou o filme homônimo com Robert De Niro e Robin Williams (fazendo o papel do Dr. Sacks num hospital, história real e extraordinária).

A luz que dimana das páginas de Gratidão é daquela espécie que nos faz bem, que nos sereniza, que nos faz querer ser o nosso melhor, sabendo que cada um é único em sua passagem pela vida e tem uma contribuição importante a dar.

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¹ The Guardian
 
² Gratidão. Oliver Sacks. Tradução de Laura Teixeira Motta. pág. 30. Companhia das Letras. São Paulo, 2015.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Coração e vento

Jorge Adelar Finatto

photo: jfinatto
 

Para onde vão esses ventos andarilhos?

Depois do mergulho no Contraforte dos Capuchinhos e das subidas vertiginosas pelos paredões de basalto, onde se aninham esses pobres ventos desamparados?

Os sonhos que sonhamos, nos aposentos secretos da noite, e que, ao amanhecer, nos deixam, onde vão habitar?

E a página do caderno antigo onde escrevemos o mais puro verso, em que perdida gaveta se escondeu?

Em que caverna dormem as estrelas cadentes, depois que sua luz e seu calor desaparecem?

Para onde vai meu coração quando não estás mais aqui, quando as luzes da rua se apagam e não consigo mais sonhar?
 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Tresloucadas umbrelas

Jorge Finatto

Série Umbrelas. Jorge Finatto

O guarda-chuva é o melhor amigo do homem, junto com o cão. Ambos vêm depois, claro, do ser humano, este sim o primeiro e verdadeiro melhor amigo do homem, embora alguns tenham dúvida sobre isto.
 
Um sujeito desamparado e solitário encontrará sempre no guarda-chuva um companheiro valente e leal nas intempéries da vida.
 
Aqui em Passo dos Ausentes, as umbrelas são tão consideradas que ganharam uma grande escultura na Praça da Ausência, a mais importante (e única, aliás) da cidade.
 
Lembro, a propósito, que Oscar Wilde esteve em nossa aldeia esquecida especialmente para encomendar guarda-chuvas de nossos mestres umbeleiros. Veio para ficar poucos dias, e demorou-se por 40 amanheceres!

Os guarda-chuvas que levou (Wilde era colecionador), com suas iniciais marcadas no cabo de osso de anta âmbar, o acompanharam até o triste fim de seus dias, num pobre quarto de hotel, na Rue des Beaux Arts, 13, em Paris, não distante do Sena. Tão pobre que o teria levado a dizer, pouco antes de morrer: ou sai esse papel (horrível) de parede ou saio eu. Deixou muitas saudades, carinhos e bilhetes entre nós.
 
Objetos antiquíssimos, os chapéus de chuva têm uma dimensão onírica e simbólica. Podem significar proteção durante a travessia das dificuldades que a existência nos impõe. E um voo sobre os abismos da indiferença e da solidão. Além, é claro, da função primordial de abrigar-nos da chuva, da bruma líquida e do sol forte.
 
Tenho por eles, como todo ausentino, um afeto imemorial que remonta aos tempos do Dilúvio e que chegou até nós atravessando gerações.
 
No Café do Porto, em janeiro de 2016, expus a minha série Umbrelas, ao lado da outra, Visões da Serra. Duas em uma. Vejam o que disse, por e-mail, o poeta e amigo Ricardo Mainieri, após visitar a exposição:
 
Uma coisa chamou-me, logo, a atenção: as cores. Seja nas paisagens serranas, onde existem nuances de meios-tons, seja nas expressivas "umbrelas" tresloucadamente voando no céu.
Também é visível uma atmosfera de solidão e transcendência nas imagens da Serra e uma discreta alegria nas sombrinhas voadoras.
Pessoalmente, gostei mais das paisagens solitárias de nosso bioma interior. Elas me evocam um momento de reflexão e espiritualidade. Parabéns pela exposição.
 
O que pretendo com minhas fotografias? Passar um pouco de beleza e, talvez, felicidade para as pessoas, num momento tão difícil como o que vivemos. Um instante de leveza, luz natural, cor, ar fresco e poesia, elementos que habitam as coisas simples, os Fanicos & Farfalhas do mundo.

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Oscar Wilde em Passo dos Ausentes:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2014/03/oscar-wilde-em-passo-dos-ausentes.html 
 

domingo, 10 de janeiro de 2016

Café do Porto

Jorge Adelar Finatto

photo: jfinatto
 

Na próxima terça-feira, 12 de janeiro, inicia no Café do Porto (Rua Padre Chagas, 293, bairro Moinhos de Vento, Porto Alegre) a exposição fotográfica Fanicos & Farfalhas. Vai até o dia 02 de fevereiro. É a primeira vez que exponho minhas fotos em Porto Alegre.

Desci a serra levando 17 quadros divididos em duas séries: Visões da Serra e Umbrelas, com imagens que captei nos últimos tempos em Gramado, Canela, São Francisco de Paula, Cambará do Sul e Passo dos Ausentes.
 
Imagens colhidas com esmero e silêncio. Pássaros, céus, flores, lagos, plátanos, guarda-chuvas, bandeirinhas e mais o que habita o invisível. Se algum mérito há no trabalho, não é por certo deste interiorano fotógrafo, mero intermediário. O grande artista é quem criou tudo isto: Deus.

Fotografar é uma coisa que faço com grande prazer. Escrever é muito mais dilacerante que fazer fotografia. A fotografia, como a escrita, faz parte da vã tentativa de parar o tempo e aprisionar o transitório. A arte é uma busca de eternidade (isso de que somos carentes) e um jeito de reinventar a vida (insuficiente em sua rotina).

photo: jfinatto

A brevidade da vida é  algo assustador e não está de acordo com nossa ânsia de permanência, perceptível em tudo que fazemos.

Colhi as fotos com a amiga Coruja (ex-máquina, quase um ser humano), durante as caminhadas polifônicas. Se valeu a pena? Vi muitas coisas bonitas, respirei ar limpo, ouvi pássaros, encontrei animais (de gatos do mato a simpáticos quatis e tucanos, sem esquecer veados e o rugido de pumas em esconsas cavernas), conversei com gente. Vocês avaliarão o resultado.

Estão todos convidados.

Café do Porto. photo: jfinatto
 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Celebro a vida que virá

Jorge Adelar Finatto
 
photo: jfinatto

Un petit espoir très féroce:
c’est moi!*
                                               Robert Lalonde

Ainda não nasci
sequer faço parte da paisagem
escuto uns gritos do outro lado: não estou

a sombra é apenas o começo
do previsível caminho
que vai dar na aurora

ainda não nasci
no entanto, é para breve

celebro a vida que virá
rompendo a escuridão
explodindo em alegria
como a primavera depois do inverno

sei onde isso terminará:
flor no extremo do ramo
beleza enchendo o vazio

faço do silêncio
um grande bosque
onde borboletas passeiam
pássaros inventam a claridade
com seu canto

imagina uma faísca que, súbito, paira no ar
uma palavra procurando um oco de boca
uma pequena luz que cresce: sou eu


_________

Poema do livro O Fazedor de Auroras, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.
*Uma pequena esperança muito feroz: sou eu. Da obra Une belle journée d'avance. Éditions du Seuil, Paris. 1986. 

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Le Havre, o porto do coração

Jorge Adelar Finatto
 
Marcel e Idrissa. photo: divulgação

 
Acabei de assistir ao filme Le Havre (O Porto), de 2011, 93 min, escrito e dirigido pelo finlandês Aki Kaurismäki (1957). Posso dizer que lavou a minha alma que anda desiludida com a raça humana. Está entre os melhores filmes que vi nos últimos anos.
 
A história se passa na cidade portuária francesa de Le Havre, à beira do Canal da Mancha, na Normandia, noroeste francês. Em grande parte destruída durante a 2ª Guerra Mundial, Le Havre renasceu, sendo um dos principais portos da Europa. Possui, além disso, a segunda mais importante  coleção de pinturas impressionistas, no Museu de Arte Moderna André Malraux (MuMa*), estando a primeira no Museu D'Orsay, em Paris. É também em Le Havre que o Rio Sena desemboca no mar.
 
Breve resumo: Marcel Marx, interpretado pelo excelente André Wilms, é um escritor conhecido mais pela vida boêmia do que por sua literatura. Um dia decide mudar radicalmente. Transfere-se para Le Havre onde se torna engraxate. Passa a levar uma vida muito pobre, que beira a miséria, mas digna e tranqüila, numa casinha humilde, numa rua obscura, ao lado da mulher Arletty (vivida pela atriz Kati Outinen). A vida transcorre sem sobressaltos, não obstante algumas situações humilhantes para o escritor-engraxate.
 
Um dia ele se depara com um imigrante africano ilegal, que faz parte de um grupo que viaja escondido a bordo de um container, num navio, em direção a Londres. No porto de Le Havre, os clandestinos são descobertos e presos pela polícia de imigração francesa. O adolescente negro Idrissa, interpretado por Blondin Miguel, consegue fugir.
 
Marcel acolhe o jovem e tenta protegê-lo da truculência das autoridades. Ao mesmo tempo, tem de lidar com a doença grave que acomete Arletty.
 
Idrissa e a cadela Laika, de Marcel. photo: divulgação
 
Não imagino de onde Aki Kaurismäki pescou o enredo, mas a história é de uma humanidade e de uma beleza raramente vistas. A rede de solidariedade que se forma entre Marcel e outras pessoas pobres do bairro para proteger Idrissa é de uma grandeza capaz de resgatar a fé na natureza humana. Mostra que o problema dos imigrantes da África e Oriente Médio na Europa vem de longa data, e quase sempre mal resolvido (lembremos que atingiu proporções terríveis em 2015). 
 
O filme comove, toca mesmo um coração de pedra. E faz refletir, mostrando que, apesar da brutalidade do mundo de exclusão em que vivemos, ainda há esperança. Tudo isso longe do clichê e do sentimentalismo barato. O desempenho de Jean-Pierre Darroussin, como comissário de polícia, é brilhante, assim como o dos outros atores.
 
Coisa digna também de admiração é a técnica de filmagem. Os enquadramentos originais e luminosos, entre closes, planos médios e longos, mais a seqüência sem ruídos e sem passagens toscas e bruscas, transportam o espectador para dentro da tela. O filme ganhou o Grande Prêmio da Crítica do Festival de Cannes em 2011. É uma obra de arte que recomendo vivamente.
 
 
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MuMa:
http://www.muma-lehavre.fr/
 

sábado, 2 de janeiro de 2016

De Mário de Sá-Carneiro para Fernando Pessoa


poeta Mário de Sá-Carneiro. fonte: jornal Público

Artigo do jornal Público, de Portugal, aborda o lançamento do livro Em Ouro e Alma, edição crítica e ricamente documentada da correspondência de Mário de Sá-Carneiro para o amigo Fernando Pessoa. A obra antecipa os eventos que marcarão a passagem do centenário do suicídio do poeta Sá-Carneiro, em Paris, aos 25 anos, em 26 abril de 1916. Pelas revelações que contém, esperamos que não tarde a ser editada no Brasil. O artigo, intitulado O suicida acidental, é de autoria de Luís Miguel Queirós.
 
"Este Em Ouro e Alma, que inclui ainda em anexo as poucas cartas de Pessoa a Sá-Carneiro que se conhecem e outra correspondência relacionada com os últimos dias do poeta em Paris, é apenas o volume inaugural de uma nova colecção, dirigida por Ricardo Vasconcelos, que a Tinta-da-China dedicará a Mário de Sá-Carneiro. Para o ano do centenário estão já previstos mais dois lançamentos: uma edição crítica da poesia, que deverá sair em Abril, e outra da prosa, prevista para o final de 2016."
 
O suicida acidental: