Jorge Adelar Finatto
photo: j.finatto. Colonia del Sacramento. Uruguai |
Hoje, antes de começar a chover, arredaram uns móveis bem pesados lá no céu. Um barulho espesso me fez pensar que talvez fosse a mudança de um anjo. Um anjo bom e humano com suas asas de perfumadas plumas, levando com ele seu chapéu, suas estantes de livros, bicicleta, cama, armários.
Um anjo, quando se muda, deve ter muita coisa pra carregar: cartapácios com registros e fotografias de quem ele protege, cadernos de milagres, álbuns de recordações, aquarelas com paisagens dos campos do Senhor.
As roupas do anjo devem ser brancas como nuvem, inclusive as suas botas.
As roupas do anjo devem ser brancas como nuvem, inclusive as suas botas.
Gostava que o meu anjo da guarda viesse mais pra perto de mim.
Meu coração anda necessitado de amigo com sabedoria e consolação. Ele podia até ficar morando aqui comigo. Se quisesse, podia subir no telhado, sentar perto da chaminé, lugar calmo e iluminado, de onde se tem uma boa vista do mundo.
Meu coração anda necessitado de amigo com sabedoria e consolação. Ele podia até ficar morando aqui comigo. Se quisesse, podia subir no telhado, sentar perto da chaminé, lugar calmo e iluminado, de onde se tem uma boa vista do mundo.
O meu anjo da guarda. Há de expulsar a solidão que toma assento na sala. Nunca mais nenhum mal vai me acontecer. Quando de noite o medo se acercar de mim, o anjo me dará sua mão forte. Então eu dormirei como um menino. E vou sonhar outra vez.
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Texto publicado em 10 de dezembro, 2010.
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